Estudo revela provas suficientes de que comer carne processada provoca cancro

Pesquisa aponta que carne vermelha é provavelmente cancerígena; Agência Internacional para Pesquisas sobre o Cancro da OMS defende que comer 50 gramas de carne processada por dia pode aumentar risco de cancro colorretal.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Um estudo publicado esta segunda-feira pela Agência Internacional para Pesquisas sobre o Cancro, Iarc, avaliou até que ponto o consumo de carne vermelha e de carne processada podem provocar a doença nos seres humanos.
Os peritos concluíram haver uma probabilidade de carne vermelha ser cancerígena. Por isso, o alimento foi colocado no Grupo 2A devido a "evidências limitadas" de que o seu consumo pode causar cancro em humanos, além de amplos estudos sobre efeitos cancerígenos.
Evidências Suficientes
Entretanto, o Iarc revela haver "evidências suficientes" de que a carne processada é cancerígena para humanos. O grupo de alimentos foi colocado no Grupo 1.
Cada porção de 50 gramas do alimento consumida por dia aumenta o risco do cancro colo-retal em 18%.
A entidade da Organização Mundial da Saúde, OMS, refere que em relação à carne vermelha a associação foi observada com o cancro colo-retal mas foram feitas ligações entre o alimento e os cancros do pâncreas e da próstata.
Efeitos Cancerígenos
Para chegar-se à conclusão divulgada em León, na França, 22 membros de 10 países avaliaram a literatura científica acumulada como parte do Programa de Monografias.
O consumo de carne varia desde uma pequena percentagem para até 100% de pessoas que consomem carne vermelha, dependendo do país, e de proporções relativamente menores que comem carne processada, destaca o comunicado.
Na lista das carnes vermelhas a pesquisa destaca o "tecido muscular" da carne de vaca vitela, porco, carneiro, cordeiro, cavalo e cabra.
Sabor
Em relação às carnes processadas são destacadas as que são preservadas através de processos como salga, fermentação, fumo e outros métodos para realçar o sabor ou melhorar a conservação do produto.
O documento menciona que a maioria das carnes processadas contém carne de porco ou de vaca mas podem incluir outras carnes vermelhas, aves, vísceras ou subprodutos como o sangue.
Risco
Os exemplos de carne processada citados no estudo incluem cachorros-quentes ou salsichas, presunto, carne enlatada, carne seca, carne bovina enlatada e preparados à base de carne e de molhos.
O chefe do Programa de Monografias do Iarc disse que o risco individual de desenvolver a doença por causa do consumo de carne processada continua baixo mas aumenta com a quantidade ingerida.
Saúde Pública
Kurt Straif afirmou entretanto que tendo em conta o grande número de pessoas que consumem a carne processada, o "impacto global na incidência da doença é importante para a saúde pública".
O grupo considerou mais de 800 estudos que investigaram a associação de mais de uma dezena de tipos de cancro com o consumo de carne vermelha ou processada em vários países e populações de dietas diversas.
Enfermidades
As provas com maior influência vieram de grandes estudos onde foi observada e analisada a relação entre fatores de riscos e o desenvolvimento de enfermidades em grupos da população.
O diretor da Iarc declarou que os resultados sustentam as recentes recomendações de saúde pública para limitar a ingestão de carne.
Christopher Wild disse que, ao mesmo tempo, a carne vermelha tem valor nutricional.
Para ele, os resultados são importantes para permitir que governos e agências de regulamentação avaliem o risco internacional para equilibrar riscos e benefícios de comer carne vermelha e processada para fazer recomendações sobre dietas.
*Apresentação: Denise Costa.