Sudão do Sul tem pessoas "à beira de uma catástrofe" devido à fome, diz estudo

Análise revela haver 30 mil pessoas em condições extremas e a "enfrentar a fome e a morte" no estado de Unidade; insegurança alimentar grave afeta 3,9 milhões de sul-sudaneses.
Eleutério Guevane, da Radio ONU em Nova Iorque.
Agências das Nações Unidas alertaram esta quinta-feira que a fome extrema conduz as pessoas à beira de uma catástrofe em várias áreas do Sudão do Sul.
Cerca de 3,9 milhões de sul-sudaneses enfrentam insegurança alimentar grave, segundo a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar, IPC.
Acesso Urgente
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e o Programa Mundial de Alimentação, PMA, pediram às partes em conflito um acesso urgente e irrestrito ao estado de Unidade.
Na região, a análise de segurança alimentar sublinha que pelo menos 30 mil pessoas vivem em condições extremas e "enfrentam a fome e a morte".
Catástrofe
Os confrontos entre o Governo do Sudão do Sul e os rebeldes iniciaram há cerca de dois anos. Pela primeira vez, a análise menciona a existência de pessoas na fase máxima da escala de cinco pontos que é designada "catástrofe" no IPC.
A diretora do PMA no Sudão do Sul, disse que no início das colheitas devia ocorrer uma melhoria significativa na segurança alimentar em todo o país. A situação não ocorre em áreas como o sul do estado de Unidade.
Joyce Luma disse que as pessoas estão à beira de catástrofe evitável ao destacar que é preciso paz, alimentos nutritivos, assistência humanitária e meios de subsistência para a sobrevivência e a reconstrução das suas vidas.
Violência
As agências defendem que a insegurança alimentar poderia agravar a fome em áreas do estado de Unidade, onde a assistência humanitária é dificultada pela grave violência e pela falta de acesso durante os últimos meses.
Na região, várias famílias deslocadas disseram que sobrevivem apenas de uma refeição diária de peixe e de plantas aquáticas.
Crianças
O representante do Unicef afirmou que as doenças, o medo e a fome marcam o período desde o início dos combates. Para Jonathan Veitch, as famílias estão sem formas de enfrentar esses problemas, tendo alertado que sem acesso "muitas crianças podem morrer. "
O chefe da FAO no Sudão do Sul disse que prevê-se uma produção de cereais abaixo da média na safra de 2015 no Uganda, no Sudão e na Etiópia. O resultado deve ser o aumento dos custos para importar alimentos no mais novo país do mundo.