Angola: Unicef ajuda a criar centro para formar técnicos de água e saneamento

Autoridades querem aumentar número de profissionais da área dos atuais 3,5 mil para 24 mil nos próximos cinco anos; estimativas apontam para 100 crianças que morrem diariamente por causa dos efeitos da diarreia no país.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Angola terá cursos especializados para profissionais de água, saneamento e higiene numa nova entidade criada com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
A revelação foi feita pelo responsável de Água e Saneamento da agência em Angola, ao falar das ações desenvolvidas com o governo e outros parceiros para melhorar a situação das populações.
Acesso à Água
Em entrevista à Rádio ONU, de Luanda, Tomás Lopez de Bufalá, citou estimativas que apontam para cerca 100 crianças que perdem a vida por dia devido aos efeitos da diarreia. A doença atinge grande parte de pessoas com dificuldades de acesso à agua e ao saneamento.
"De acordo com cálculos, 60% dos furos construídos no meio rural, depois de dois anos estragam-se e convertem-se em sistemas que não funcionam. Temos que mudar este número. Temos que reduzir drasticamente o nível de inoperatividade do sistema e de investimentos no setor. O Unicef atualmente está apoiando o governo na criação de um Centro Nacional de Formação Profissional para Água e Saneamento. É o Centro de Ungazanga, há 40 quilómetros de Luanda. A ideia é que seja uma referência a nível nacional e regional para formar técnicos e gestores do presente e do futuro."
Capacidade Local
De acordo com o responsável, Angola tem 3,5 mil profissionais da área. Até 2020, o país precisa de até 24 mil profissionais de água, saneamento e higiene. Bufalá falou das ações em curso para melhorar a capacidade a nível local.
"Queremos ver se podemos escalar todo o país através de uma política nacional para o saneamento total liderado pela comunidade. Estamos a treinar e a fortalecer as capacidades dos técnicos gestores dos governos locais e dos municípios para planificar e fazer o orçamento de projetos da área, liderados pela comunidade e facilitados através destes governos."
Para Bufalá, em Angola há também uma necessidade de garantir a sustentabilidade dos sistemas de água e saneamento. Os angolanos que vivem nas cidades do país correspondem a cerca de 55% da população total.
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