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ONU 70: A participação do Brasil nas Nações Unidas BR

Embaixador Cyro de Freitas-Valle (centro), observando os paineis Guerra e Paz de Portinari. Foto: Arquivo ONU

ONU 70: A participação do Brasil nas Nações Unidas

O país é um dos membros fundadores da ONU; Oswaldo Aranha presidiu a Assembleia Geral em 1947 e a abertura dos debates gerais é sempre feita pelo Brasil; para celebrar os 70 anos da ONU, ministro Eugênio Garcia fala sobre a “longa história de colaboração” com a organização.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

As Nações Unidas foram estabelecidas em 1945, com 51 países assinando a Carta da ONU, incluindo o Brasil. Em 70 anos de história, a atuação brasileira na organização tem sido constante, como avalia o ministro-chefe da Divisão das Nações Unidas no Ministério das Relações Exteriores.

Eugênio Garcia foi entrevistado pela Rádio ONU para falar sobre a presença do Brasil nos 70 anos da organização, aniversário comemorado em 24 de outubro. O ministro lembra que o único brasileiro a ter presidido a Assembleia Geral foi Oswaldo Aranha, em 1947.

Guerra Fria

Dois anos depois, o embaixador Cyro de Freitas-Valle abria os discursos da sessão de alto nível da Assembleia Geral. O ministro Eugênio Garcia explica mais sobre o que virou uma tradição.

“A origem dessa tradição de ser o Brasil o primeiro a discursar remonta a um período de Guerra Fria, de muito antagonismo entre os países, do conflito Leste-Oeste. Eu acredito que o Brasil se apresentava como uma opção dentro dessas disputas do bloco. E a partir de 1949, quando foi o primeiro a discursar, depois isso vai se repetindo e gradualmente se estabelece uma prática.”

Primeiro a Discursar

Segundo o representante do Itamaraty, essa prática foi incorporada oficialmente com a aprovação de uma resolução da Assembleia Geral. Pelo documento, ficou decidido que a lista de oradores dos debates gerais, deve sempre levar em contra as tradições da ONU, sendo o primeiro discurso o do Brasil.

Carta da ONU

O ministro Eugênio Garcia explica que o Brasil fez diversas sugestões para a Carta das Nações Unidas, documento que estabelece as regras e funções da organização. Saúde e direitos das mulheres já eram uma preocupação do país há 70 anos.

“O Brasil buscou atuar em outras direções. Tivemos um papel importante na Conferência de São Francisco, em relação aos direitos da mulher, por exemplo. A delegada brasileira Bertha Lutz foi muito combativa na época. E um pouco graças a esse esforço, se criou mais tarde a Comissão do Estatuto da Mulher. Outra área foi saúde. Também com um esforço da delegação brasileira, se conseguiu colocar a questão da saúde como uma preocupação presente na Carta. Esses esforços acabaram resultando na criação da OMS (Organização Mundial da Saúde).”

Para Eugênio Garcia, o Brasil tem uma longa história de colaboração com as Nações Unidas e objetivo do país continua sendo o de ter uma atuação construtiva, voltada para a paz.

O representante do Itamaraty destaca que a ONU tem um papel insubstituível e por isso, o Brasil acredita que é preciso haver um esforço para fortalecer a organização, sem nunca “fechar as portas para a mudança”.

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Bertha Lutz, representando o Brasil na assinatura da Carta da ONU em 1945. Foto: Arquivo ONU
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