Após ataques, Acnur suspende voos para apoiar refugiados em vila do Chade
Agência informou que seus funcionários e mais de 7,1 mil refugiados estão seguros perto de Baga Sola; aeronaves deverão lidar apenas com emergências; Conselho de Segurança pede cooperação internacional para punir responsáveis.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A série de ataques suicidas deste sábado na vila chadiana de Baga Sola provocou a suspensão de viagens do pessoal do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, à área.
A agência apoia o campo de refugiados de Dar Es Salam, situado a 10 km da região do Lago Chade. O Acnur informou que tanto os seus funcionários como os cerca de 7,1 mil refugiados da Nigéria e do Níger abrigados no local estão seguros.
Emergência
As aeronaves da ONU estão, entretanto, de prontidão para evacuar as pessoas ou para transportar suprimentos de emergência, informou a agência.
Pelo menos 47 pessoas morreram nos atentados provocados por bombistas suicidas, que incluíram três mulheres e duas crianças.
Após lamentar a violência e a perda de vidas, um porta-voz do Acnur disse que as pessoas vivem em condições desesperadoras sem meios de subsistência, abrigo, comida e nem cuidados de saúde.
Zona de Guerra
Leo Dobbs disse que o tipo de trabalho executado pelo Acnur e pelos seus parceiros na área é muito importante, no que está a tornar-se efetivamente uma zona de guerra.
De acordo com a agência, 22 das vítimas morreram no acampamento de Kousseri, onde o Acnur atua com parceiros no apoio e na proteção a dezenas de milhares de deslocados do conflito com as milícias nigerianas Boko Haram.
A agência declarou que nas últimas semanas intensifica o apoio para aliviar as dificuldades da área com 60 mil pessoas. As ações incluem a distribuição de artigos não alimentares essenciais para mais de 32,8 mil pessoas.
Muitos habitantes da região foram transferidos das suas casas no princípio do ano, quando o "Lago Chade tornou-se efetivamente uma zona de guerra".
Estação Chuvosa
As condições para os deslocados são consideradas difíceis, onde a maioria está sem comida, abrigo e assistência médica. Algumas tendas improvisadas são feitas de redes mosquiteiras e oferecem pouca proteção para a estação chuvosa.
O ataque em Baga Sola foi o primeiro na área, tendo ocorrido no dia seguinte à morte de nove pessoas também vítimas de um bombista suicida em Kangaleri, no norte dos Camarões.
O Conselho de Segurança reagiu aos dois ataques com uma nota que sublinha a necessidade da cooperação internacional com os dois Estados para levar aos responsáveis, organizadores, financiadores e patrocinadores dos atos à justiça.
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