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ONU 70: O papel das Nações Unidas para África

UN Photo/Catianne Tijerina
General Maqsood Ahmed, das forcas militares de manutenção de paz da ONU, com crianças da República da África Central. Imagem:

ONU 70: O papel das Nações Unidas para África

Em sete décadas de história, o apoio da ONU tem sido indispensável para o continente africano; chefe da ECA revela contributos para nações como Moçambique e Angola e lembra do genocídio no Ruanda.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Neste mês, as Nações Unidas comemoram seus 70 anos. Uma história sempre muito ligada à África. O papel da organização tem sido essencial para ajudar nações do continente a saírem de conflitos e a promoverem seu desenvolvimento económico e social.

Quando se fala na história recente africana, o genocídio no Ruanda, de 1994, sempre surge como um dos pontos mais tristes da trajetória do continente. O secretário-executivo da Comissão Económica da ONU para África, ECA, lembra o antigo secretário-geral Kofi Annan, que começou a ocupar o cargo alguns anos após o genocídio.

Manutenção da Paz

Para Carlos Lopes, Annan teve papel fundamental em reforçar o sistema de manutenção da paz das Nações Unidas em países em conflito.

“Em relação ao que se passou no Ruanda, era preciso mandar mais tropas para reforçar uma ameaça que já estava identificada e não havia como. Porque as condições de trabalho das Nações Unidas na época não permitiam esse tipo de intervenção. E Kofi Annan, quando finalmente chegou a secretário-geral, fez uma reforma completa do sistema de manutenção da paz com o chamado Relatório Brahimi, que foi introduzido através das lições que se aprenderam do massacre do Ruanda e também com o que se passou no Kosovo e na Somália.”

Após a publicação de um relatório em 1999 que destacou a falha da ONU em prevenir o genocídio no Ruanda, Koffi Annan criou um painel sobre Operações de Paz, liderado por Lakhdar Brahimi.

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Celebrações da independência do Sudão do Sul. Imagem: UN Photo/Eskinder Debebe
Angola

Na época, o painel pediu mais compromisso político dos Estados-membros e aumento do apoio financeiro para as operações de paz da ONU.

Num continente com mais de 50 países, as nações africanas de língua portuguesa também têm sua história ligada à ONU. O chefe da ECA, nascido na Guiné-Bissau, afirma que os países lusófonos sempre mantiveram o debate sobre a descolonização muito presente dentro das Nações Unidas.

Neste sentido, Carlos Lopes destaca iniciativas de Angola e Moçambique.

“Houve muitos contributos dos países lusófonos para manutenções de paz da ONU. Houve muita presença também da área humanitária durante bastante tempo: Moçambique sofreu muito por causa do Zimbábue. E países como Angola também acabaram por ter um papel muito importante na consolidação da paz nos dois Congos. Há um retorno também feito por esses países, que ajudaram a consolidar a paz em outros.”

O chefe da Comissão Económica para África também destaca o bom desempenho económico de Cabo Verde e de Angola. Carlos Lopes afirma estar convencido de que em breve, o continente africano entrará na era da industrialização.

Leia todas as reportagens e entrevistas sobre os 70 anos da ONU:

http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/category/setenta-anos-da-onu/