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Número de refugiados aumentou mais de 50% em 10 anos BR

Alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. Foto: ONU/Eskinder Debebe

Número de refugiados aumentou mais de 50% em 10 anos

Alerta foi feito esta segunda-feira pelo alto comissário da ONU para refugiados; António Guterres afirmou que o trabalho das organizações humanitárias está mais perigoso atualmente.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, afirmou esta segunda-feira que o número de refugiados aumentou mais de 50% desde que assumiu o cargo há 10 anos.

Segundo Guterres, em 2005 eram 38 milhões de pessoas buscando asilo ou deslocadas internas em todo o mundo e agora já são mais de 60 milhões.

Operações Perigosas

No discurso de abertura da 66ª sessão do Comitê Executivo do Alto Comissariado, ele disse que a crise global de refugiados é tão grande que as agências de ajuda estão lutando para responder e atender a todas as necessidades humanitárias.

Além disso, Guterres afirmou que o trabalho e as operações de assistência ficaram muito mais perigosos hoje em dia. Ele explicou que 15 novos conflitos surgiram ou recomeçaram nos últimos cinco anos sem que nenhum dos outros já existentes fosse resolvido.

O alto comissário disse que o número global de deslocados diários por causa de conflitos quase quadruplicou neste período. Nesse processo, o mundo se tornou mais frágil, os conflitos estão se espalhando de forma imprevisível e a natureza desses confrontos se tornou mais complexa.

Mega-Crises

Guterres afirmou que “uma das consequências foi a redução da ação humanitária. Na sua opinião, “as mega-crises interligadas na Síria e no Iraque, que já desalojou mais de 15 milhões de pessoas, servem de exemplo claro”.

O chefe do Acnur citou ainda as crises no Iêmen, com 1,1 milhão de deslocados e refugiados, na Líbia, na região da Baía de Bengala e na América Central, onde a violência causada por gangues criminosas também gerou a fuga de milhares de pessoas.

Ele disse que mais de 500 mil pessoas chegaram à Europa desde janeiro deste ano. Guterres elogiou a decisão da União Europeia de realojar internamente 160 mil pessoas que estão em busca de asilo.

Mas o alto comissário afirmou que muito mais precisa ser feito, especialmente em relação aos centros de recepção nos pontos de entrada.

Migrantes e Refugiados

Para Guterres, essa é uma crise de migrantes e de refugiados. Ele disse que todas as pessoas que estão chegando agora à Europa devem ter seus direitos humanos e de dignidade respeitados.

O chefe do Acnur falou ainda sobre a necessidade de se criar um protocolo de solidariedade internacional e da partilha de encargos para completar a Convenção de Genebra relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951.

O documento define o que é um refugiado e prevê as garantias dos que recebem o direito de asilo e as responsabilidades das nações que os acolhem.

Guterres, que deixa o cargo no fim deste ano, pediu aos países que continuem dando proteção às pessoas que chegam aos seus territórios em busca de segurança devido à guerra e a opressão.