Secretário-geral considerou caótica a situação do país, em evento de líderes globais realizado à margem da Assembleia Geral; Ban Ki-monn disse que "crimes mais horrendos contra civis" marcaram o conflito de dois anos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral das Nações Unidas sublinhou esta terça-feira a necessidade de se formar um "governo transicional de unidade" no Sudão do Sul.
Ban Ki-moon fez o apelo aos líderes das partes em conflito, a quem pediu o fim imediato de todas as operações militares no país. Um evento de alto nível sobre o Sudão do Sul decorreu à margem da 70ª Assembleia Geral na sede das Nações Unidas.
Situação Caótica
O presidente sul-sudanês, Salva Kiir, participou no evento via videoconferência a partir da capital do país, Juba. Em Nova Iorque, esteve o líder da oposição Salva Kiir.
Durante a sessão, Ban dirigiu-se diretamente ao chefe de Estado sudanês e disse não entender porque a nação mais nova do mundo acabou caindo no que chamou de "situação caótica" atual.
Ban declarou que agora a responsabilidade de Kiir, de Machar e dos líderes locais é transformar o Sudão do Sul e colocá-lo rumo a uma via pacífica.
Liderança
O chefe da ONU disse que como primeiro presidente sul-sudanês essa responsabilidade política e histórica cabia a Kiir. Ele afirmou que conta com a sua forte liderança e visão para o país.
Ban afirmou que todos os participantes no encontro querem ajudar aos sul-sudaneses, e que esperava que o líder do país não vá trair ou dececionar.
O representante disse que a recente assinatura do acordo de paz renovou as esperanças sobre o futuro do Sudão do Sul, onde milhares de pessoas morreram devido ao conflito dos últimos dois anos.
Acordo de Paz
De acordo com a ONU, mais de 2 milhões de pessoas fugiram das suas casas antes da assinatura do acordo de paz no final de agosto passado.
Ao discursar no encontro o presidente Salva Kiir disse que quando decidiu juntar-se à luta há três décadas, não esperava a libertação do povo para "levá-lo de volta à guerra."
Kiir disse estar determinado a parar com conflito "sem sentido" e a garantir que juntamente com a oposição armada seja construído um país democrático e harmonioso com a união em torno da implementação do acordo.
Identidade Nacional
Ban considera essencial fazer reformas a longo prazo para que o Sudão do Sul ultrapasse as questões de etnia e reconstrua uma identidade verdadeiramente nacional.
O chefe da ONU defende que sejam feitos todos os esforços para promover uma distribuição mais equilibrada de poder e de riqueza.
O secretário-geral disse que durante o conflito foram cometidos os "crimes mais horrendos contra civis", além de ter sido destruído o tecido social do país.
Responsabilidade
Ele declarou que as disposições do acordo de paz relacionadas à justiça, à responsabilidade e à reconciliação devem ser totalmente executadas para concertar a situação.
O chefe da ONU saudou a decisão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana sobre a implementação de uma comissão de inquérito para a criação do Tribunal Híbrido sobre o Sudão do Sul.