Perspectiva Global Reportagens Humanas

Acnur: tempo está acabando para Europa resolver emergência de refugiados BR

Refugiado sírio em grupo que passa pela Hungria a caminho da Áustria. Foto:/Mark Henley

Acnur: tempo está acabando para Europa resolver emergência de refugiados

Para a agência da ONU, situação nas fronteiras da Sérvia, Croácia e Hungria demonstra “ caos e confusão” causados pela ausência de uma resposta coerente e unificada.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York. 

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur,  descreve como “caos e a confusão” a situação causada pela ausência de uma resposta coerente e unificada para lidar com refugiados na Europa.

A agência falou de desordem na fronteira da Sérvia com a Croácia, que foi fechada em alguns pontos, e da situação dramática na fronteira húngara. 

Contrabando

Para o Acnur, a crise está crescendo e sendo empurrada de um país para outro sem solução. Até o momento,  pelo menos 442.440 refugiados e migrantes chegaram pelo mar Mediterrâneo este ano. Cerca de 2,9 mil pessoas morreram e 4 mil estão chegando nas ilhas gregas diariamente. 

Ao mesmo tempo, o sofrimento e os riscos para milhares de refugiados e migrantes está crescendo enquanto a incerteza e a falta de informação alimentam o desespero e aumentam a probabilidade de mais incidentes.

A agência disse que essas condições também "atiçam hostilidades a pessoas que fugiram de perseguições e do conflito" que precisam de ajuda.

Ainda segundo o Acnur, este ambiente é “terreno fértil” para contrabandistas de pessoas e outros que buscam se aproveitar desta população vulnerável. 

Aplausos 

Para a agência, a decisão do Parlamento Europeu, na quinta-feira, de apoiar planos para a realocação de outras 120 mil pessoas em todos os países da União Europeia “merece aplausos”.

A reunião extraordinária do Conselho de Justiça e Assuntos Internos, em 22 de setembro, e o encontro do Conselho Europeu, no dia seguinte, serão “cruciais” para se chegar a um acordo.

O Alto Comissariado afirmou que essas ocasiões podem ser a “última oportunidade” para uma resposta europeia positiva, unida e coerente para esta crise.

O Acnur reconhece que a Europa está lutando para lidar com esta situação e elogiou os países e seus cidadãos que mostraram disponibilidade para reassentar refugiados e responder de forma positiva à crise.

Desafio

Para a agência, a situação é desafiadora, mas é gerenciável, desde que a Europa esteja unida na contribuição de resposta efetiva.

Nesta semana, o Acnur propôs uma série de medidas com o objetivo mais amplo de ajudar a Europa a resolver a situação, de forma coletiva.

Crianças

Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, emitiu uma declaração afirmando que está em contato com autoridades húngaras para discutir como crianças refugiadas e migrantes podem ser protegidas de forma adequada, de acordo com os compromissos do país à Convenção dos Direitos da Criança.

A Convenção requer que governos tomem todas as medidas necessárias para proteger todas as crianças e fornecer apoio especial necessário às crianças refugiadas ou que estão em busca de asilo.

O Unicef também ofereceu assistência ao governo da Hungria para fortalecer a proteção a crianças refugiadas e migrantes. A oferta foi feita após a violência de quarta-feira na fronteira do país com a Sérvia e diante de relatos de que uma nova legislação húngara poderia resultar em crianças chegando ao país sendo detidas, processadas e separadas de seus pais.

Assistência

A assistência do Fundo incluiria apoio psicológico e para identificação de crianças desacompanhadas ou deparadas de suas famílias, entre outras medidas.

O Unicef fez um apelo ao governo da Hungria que “sempre coloque os interesses de crianças refugiadas e migrantes em primeiro lugar nas decisões que as afetam”.

O Fundo declarou que os menores não podem ser “criminalizados por serem refugiados ou migrantes e nem devem ser separados de suas famílias”.

A agência da ONU lembrou que essas crianças já passaram por “enorme sofrimento em suas viagens e precisam ser tratadas com dignidade e receber a assistência necessária, proteção e compaixão”.

Leia Mais:

Chefe de Direitos Humanos "chocado" com tratamento de refugiados

Acnur faz apelo à Europa que mude o curso da resposta à crise de refugiados