Grande parte dos desalojados resulta dos confrontos envolvendo as milícias Boko Haram na Nigéria; área de Agadez deve receber 120 mil migrantes até dezembro.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O coordenador humanitário das Nações Unidas para a região africana do Sahel concluiu esta sexta-feira uma visita de cinco dias ao Níger, onde avaliou a situação das "múltiplas crises".
Toby Lanzer esteve na região de Diffa no sudeste, que é considerada a mais afetada pela violência e pela insegurança na bacia do Lago Chade.
Estimativas
O representante esteve também em Agadez, um importante centro de trânsito de migrantes na África Ocidental.
As autoridades nigerinas preveem que pela área passem entre 80 mil e 120 mil migrantes até o fim deste ano. O número é quatro vezes maior que as estimativas iniciais.
No acampamento de Assaga, Lanzer disse ter testemunhado expressões de um "imenso desespero" em mulheres e crianças.
Boko Haram
A área alberga mais de 6 mil deslocados internos e refugiados provenientes da Nigéria que fugiram das milícias Boko Haram, que atuam no nordeste do país.
Lanzer sublinhou ter visto pessoas forçadas a deslocar-se por várias vezes, que incluem jovens que estão fora da escola e "com poucas perspetivas para o futuro". Mais de um em cada quatro habitantes de Diffa fugiu do conflito.
Investimento
O coordenador humanitário da ONU no Níger disse que além da assistência essencial para as pessoas em crise deve haver um maior investimento em políticas para travar rapidamente o ciclo.
Fodé Ndiaye disse que o acesso a áreas como educação, emprego, serviços públicos de qualidade e aumento e equilíbrio da riqueza são essenciais para que haja mudanças estruturais e seja preservada a instabilidade no Níger.
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