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Zeid diz que não há desculpas para abusos na República Centro-Africana BR

Zeid Al Hussein. Foto: Unifeed

Zeid diz que não há desculpas para abusos na República Centro-Africana

Chefe de direitos humanos da ONU rejeita possibilidade de atenuantes para casos de exploração sexual envolvendo soldados estrangeiros;  Alto comissário afirmou que segurança está ainda está longe do ideal no país.

Eleutério Guevane, da Radio ONU em Nova York.*

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos disse que "não há nenhuma desculpa, circunstância atenuante e nada" que justifique atos ou a falta de punição do abuso ou exploração sexual na República Centro-Africana.

Falando nesta sexta-feira na capital do país, Bangui, Zeid Al Hussein voltou a lembrar que foi informado de mais um caso supostamente cometido por um soldado estrangeiro.

Medo

Na quinta-feira, durante a visita ao país, ele anunciou que uma adolescente engravidou e teve o bebê em abril.

Zeid disse que embora o suposto autor sirva nos Sangaris, as tropas da França que operam separadas das forças da ONU, foram envolvidos "soldados da organização numa série de alegações de abuso" sexual ou de outras formas.

O alto comissário afirmou que a República Centro-Africana ainda está dominada pelo medo.  Para ele, os seus habitantes continuam divididos após um conflito que separou estruturas sociais, culturais, políticas e econômicas.

Deslocamento Forçado 

Cerca de 1 milhão de pessoas sofreram deslocamento forçado em confrontos entre os ex-combatentes Seléka, de maioria muçulmana, e as milícias anti-Balaka, compostas por cristãos.

No entanto, Zeid destacou vários desenvolvimentos positivos ocorridos em um ano e meio. Como medida mais notável do Governo de transição, ele citou as consultas locais, que desde janeiro envolveram 16 municípios, todos os distritos de Bangui e deslocados.

Ele ressaltou que o processo culminou com o Fórum Bangui, que produziu um importante conjunto de recomendações com o envolvimento de representantes de grande parte da sociedade.

Para Zeid, essas sugestões indicam um caminho para tentar criar a paz, a segurança, a justiça e a reconciliação. Para ele, esses fatores são “essenciais se o país quiser romper" de forma definitiva e com o passado excepcionalmente violento atingido pela pobreza e às vezes turbulento.

Voto

Zeid também saudou a decisão do Tribunal Constitucional sobre o direito de voto dos refugiados, e por determinar que a liderança política de transição não será elegível para concorrer nas eleições presidenciais.

O chefe dos Direitos Humanos disse que as 9,2 mil tropas, os 1.580 policiais e o pessoal civil considerável da Missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, são o esforço mais significativo da organização na história do país.

Ainda em relação à situação de segurança, o alto comissário afirmou que ela "tem melhorado, embora esteja muito longe do ideal".

Atualmente, o país tem nove escritórios de direitos humanos da ONU com pessoal permanente e mais três representações devem abrir nos próximos meses.

* Apresentação: Laura Gelbert.

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