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ONU 70: as Nações Unidas como “palanque” da democracia BR

Assembleia Geral das Nações Unidas. Foto: ONU/Amanda Voisard

ONU 70: as Nações Unidas como “palanque” da democracia

Diplomata António Monteiro já foi embaixador de Portugal na ONU e avalia que mesmo após sete décadas, a organização continua “indispensável”; ele defende que ONU do futuro “olhe mais para os povos”.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

As Nações Unidas estão completando 70 anos de trabalho diário nas áreas de paz, segurança, direitos humanos, desenvolvimento e ajuda humanitária. Para o diplomata português António Monteiro, mesmo após sete décadas, o “equilíbrio das relações internacionais”  depende da ONU.

O primeiro contato de Monteiro com as Nações Unidas foi em 1981, quando veio para Nova York trabalhar na Missão de Portugal junto à ONU. Ficou com a impressão de que a organização estava realizando “um trabalho notável” desde  o final da Segunda Guerra Mundial.

Defesa

Mas isso não dispensava críticas. António Monteiro lembra que na década de 1980, havia inclusive quem defendesse o fechamento das Nações Unidas. Nesta entrevista à Rádio ONU, o diplomata explica porque sempre promoveu o contrário.

“Creio que em 1986, um artigo do The New York Times me citava porque eu defendia as Nações Unidas e dizia que as Nações Unidas serviam de terapia de grupo para todos os países. Porque era aqui que todos vinham expor, reclamar os seus direitos, impor as suas preocupações. Na Assembleia Geral, chefes de Estado, primeiros-ministros e minitros vêm aqui, muitas vezes até para falar de seus problemas internos e não apenas para dedicar a atenção aos problemas internacionais. Portanto, por tudo isso, as Nações Unidas eram e são, na minha opinião, uma organização indispensável.”

Progressos

Na avaliação de  António Monteiro, que chegou a ser embaixador de Portugal junto à ONU e a presidir reuniões no Conselho de Segurança, as Nações Unidas têm desempenhado um papel fundamental para o progresso do mundo.

E após sete décadas, o diplomata defende que mudanças são necessárias, porque o cenário mundial é diferente daquele de 1945, quando a ONU foi criada.

“Não invalida que as Nações Unidas tenham tido altos e baixos na sua atuação. Mas nunca podemos esquecer que a vontade das Nações Unidas é a vontade dos países que a compõem. A melhoria da organização passa para que ela olhe mais para os indivíduos e mais para os povos, não fique apenas bloqueada nesse aspecto estatal. Não podemos esquecer que as Nações Unidas são a única organização de caráter universal e portanto, apesar de todas as limitações que há, é a única organização que possibilita a todos os países do mundo terem voz.”

No final da Segunda Guerra Mundial, 50 países assinavam a Carta da ONU e a organização era fundada. O aniversário das Nações Unidas é celebrado em 24 de outubro e atualmente 193 nações fazem parte da organização, incluindo o país mais novo do mundo, o Sudão do Sul.

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