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Conflito sírio fez quase 250 mil mortos, segundo a ONU

ONU diz que situação se deteriora na Síria. Foto: Unrwa

Conflito sírio fez quase 250 mil mortos, segundo a ONU

Conselho e Segurança acompanhou informe sobre o estado da crise com o enviado para o país;  chefe da ONU deplora falta de responsabilização durante os quatro anos e meio do conflito e "décadas de repressão".

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O secretário-geral das Nações Unidas disse esta quarta-feira que o conflito sírio já fez aproximadamente 250 mil mortos.

Ban Ki-moon falava no Conselho de Segurança, numa sessão onde disse estar "profundamente desapontado" com a falta de implementação das resoluções do órgão sobre a Síria.

Terrorismo

Entre as decisões que não foram respeitadas, Ban falou da resolução sobre a violência, sobre o alívio do sofrimento humanitário e a relacionada ao combate ao terrorismo e aos combatentes estrangeiros.

Com 12 milhões de deslocados, a situação síria é considerada a maior crise humanitária do mundo. Ban defende que deve-se continuar a fazer pressão para uma solução política.

Ele defende que países da região e a comunidade internacional têm um papel fundamental a desempenhar para a redução da violência e para o fim do conflito.

Repressão

O chefe da ONU mencionou crimes que ocorrem de hora em hora, alimentados pela falta de prestação de contas pelas grandes violações dos direitos humanos, cometidos nos quatro anos e meio do conflito e no que chamou de "décadas de repressão".

Guerra por Procuração

O secretário-geral disse que muitos sírios alertam que o país está a entrar num ciclo de fragmentação e radicalização do qual será difícil sair. Ele disse haver lamentações dos sírios de que o seu país está preso numa "guerra regional por procuração", que vai além da capacidade de resolução dos próprios cidadãos.

No debate do Conselho de Segurança, Ban disse ter instruído ao seu enviado especial à Síria, Staffan de Mistura, para intensificar os esforços para encontrar uma solução política para o conflito ao longo dos últimos meses.

Solução

De Mistura teve uma reunião à porta-fechada com os 15 Estados-membros onde relatou o estado da crise síria. A apresentação foi uma síntese dos relatos de um grupo "inclusivo e representativo das partes interessadas sírias e não-sírias".

Ban afirmou que quase todos apontaram para uma necessidade urgente de a comunidade internacional "agir agora, se pretende salvar e preservar o que resta da Síria". Ele alertou ainda que à medida que a situação se deteriora, sírios preveem que as perspetivas para uma solução política diminuam.

Urgência

Em Genebra e noutras cidades foram consultadas 200 pessoas que revelaram sentido generalizado de urgência devido a ganhos do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, conhecido por Daesh e Frente al-Nasra.

O chefe da ONU disse que, com base nessas consultas, todos rejeitam uma futura Síria dividida em critérios sectários.

Ban citou um êxodo transfronteiriço massivo para países como Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque, que acolhem um número cada vez crescente de refugiados.

Barcos da Morte

O chefe da ONU também mencionou o aumento de sírios que navegam em desespero em todo o Mediterrâneo nos chamados "barcos da morte".

De forma específica, o pedido foi para que Mistura operacionalize o chamado "Comunicado de Genebra". O documento contém uma série de medidas para acabar com a violência e lançar um processo político liderado pelos sírios. Ele disse que essa ação vai incluir uma forma de combate eficaz ao terrorismo.

O secretário-geral acrescentou que seu enviado especial para o país vai apresentar uma proposta para permitir que os sírios negoceiem um acordo sobre como devem implementar todos os aspetos do documento.

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