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Escritório da ONU preocupado com sentenças contra colaboradores de Kadafi

Líbios em protestos de 2011.

Escritório da ONU preocupado com sentenças contra colaboradores de Kadafi

Tribunal confirmou pena de morte contra filho do ex-líder; decisão foi decretada a Saif al-Islam Kadafi e mais oito arguidos; entidade fala de incumprimento de normas internacionais de julgamento justo.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque. 

O Escritório dos Direitos Humanos da ONU disse estar "profundamente perturbado" com os veredictos e sentenças contra ex-funcionários do antigo líder líbio Muammar Kadafi.

Esta terça-feira em Trípoli, um tribunal sentenciou a pena de morte ao filho de Kadafi, Saif al-Islam, e a mais oito arguidos devido a crimes de guerra associados à revolução de 2011. Al-Islam não estava no tribunal.

Protestos

Agências de notícias mencionam outros 30 colaboradores de Kadafi  que foram julgados por suprimir protestos pacíficos durante a revolta, que culminou com a queda do ex-líder. Sete réus tiveram uma pena de sete anos de prisão.

Em nota, o escritório revela ter acompanhado de perto a detenção e o julgamento. A conclusão é que as "normas internacionais de julgamento justo não foram cumpridas".

Problemas Graves

Entre as deficiências principais do processo está a "incapacidade de se estabelecer a responsabilidade criminal individual" em relação a crimes específicos.

A entidade da ONU defende também ter havido problemas graves em relação ao acesso a advogados, alegações de maus-tratos e julgamentos conduzidos à revelia.

Apesar de considerar essencial a responsabilização por violações graves dos direitos humanos, o escritório disse que isso deve ser feito com escrupulosa adesão aos padrões internacionais de julgamento justo. O outro requisito é o pleno respeito aos direitos dos arguidos.

Punição

A nota sublinha a oposição da ONU ao uso da pena de morte em todas as circunstâncias. Neste caso, o escritório defende que não foram claramente cumpridas as normas para julgamentos justos e deplora a punição.

Às autoridades líbias o apelo é que garantam que sejam introduzidas reformas legais como uma questão de urgência.

O objetivo é garantir que os direitos humanos sejam plenamente respeitados na administração da justiça e que veredictos do Tribunal Penal possam ter recurso e não sejam simplesmente sujeitos à cassação.

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