Ban pede que pausa humanitária não seja usada para transportar armas no Iémen
Secretário-geral desencorajou o uso da trégua para ganhar território; iniciativa da coligação liderada pela Arábia Saudita entrou em vigor à meia-noite de domingo.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral apelou a todas as partes do conflito iemenita a suspender as operações militares e a facilitar o "acesso seguro e sem obstáculos" dos trabalhadores humanitários às populações do país.
As declarações de Ban Ki-moon seguem-se ao anúncio unilateral de cinco dias de pausa humanitária, feito pela coligação liderada pela Arábia Saudita. A medida vigora desde a meia-noite de domingo. Entretanto, agências de notícias anunciaram que ocorrem ataques em áreas do sul do país árabe.
Boa-fé
O comunicado exorta os rebeldes Houthis, ao Congresso Geral do Povo e a todas as outras partes a concordar e a manter a pausa humanitária para o bem de todo o povo do Iémen, e que "ajam de boa-fé" durante todo esse período.
Ban destaca o número crescente de vítimas, incluindo "relatos perturbadores" da morte de civis na cidade portuária de Moca na noite de sexta-feira. Segundo agências de notícias, pelo menos 120 pessoas teriam morrido nos ataques.
Ao anunciar a pausa no sábado, a coligação liderada pela Arábia Saudita disse que durante os cinco dias reserva-se ao "direito de responder a atividade militar ou ao movimento dos rebeldes".
Catástrofe
O chefe da ONU considera imperativo que perante a catástrofe humanitária seja feita uma pausa e uma eventual extensão. Devido ao conflito, pelo menos 1.693 civis foram mortos e 3.829 ficaram feridos desde 26 de março, segundo a organização.
Ban apela às partes a exercer a máxima contenção em casos de violações isoladas e que seja evitada uma escalada. A nota destaca ainda a necessidade da suspensão das operações militares durante a pausa, e não que esta não seja explorada para movimentar armas ou para conquistar território.
Assistência Médica
Ban pede ainda a prestação de assistência humanitária urgente a todas as partes bem como um acesso rápido, seguro e livre às agências humanitárias. O objetivo é alcançar as pessoas que precisam de auxílio, incluindo assistência médica.
A fechar a declaração, o secretário-geral instou às partes em conflito a cumprir todas as obrigações do direito humanitário internacional para proteger os civis.
Ban quer que estas trabalhem urgentemente com as Nações Unidas e as organizações humanitárias para fazer chegar a assistência a milhões de necessitados em todo o país.
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