Falta de industrialização coloca continente em risco, avalia chefe da Comissão Económica das Nações Unidas para África; Carlos Lopes discursou em Adis Abeba, onde ocorre a Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A falta de industrialização coloca em risco o crescimento a longo prazo de África, segundo o chefe da Comissão das Nações Unidas para África, Uneca.
Carlos Lopes está em Adis Abeba, capital da Etiópia, a participar da Terceira Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento. Esta quarta-feira, ele discursou num evento sobre a transformação económica do continente.
Exportações
Segundo ele, o sector de manufacturas estagnou durante a última década, sendo uma parte cada vez menor das exportações de África. Carlos Lopes declarou que o continente luta para criar empregos adequados aos jovens, o que será possível com a industrialização.
Agricultura, indústria e manufactura também contribuem de forma menor ao Produto Interno Bruto, PIB, enquanto a contribuição do sector de serviços é maior.
Investimentos
Lopes notou que África representa menos de 2% das exportações globais de manufactura. As exportações de produtos manufacturados caíram de 26% em 1995 para 16% em 2013. Em comparação, a exportação de manufacturados da Ásia chega a 70%.
Por sua vez, o presidente do Banco de Desenvolvimento Africano disse que “a infraestructura é a marca do desenvolvimento” do continente. Donald Kaberuka afirmou que na última década, o banco investiu US$ 28 mil milhões em infraestructura.
Alimentação
A presidente da Comissão da União Africana apresentou alguns dados: apenas um terço dos africanos tem acesso à eletricidade; 65% têm acesso à água e 38% ao saneamento.
Nkosazana Zuma notou que “para um continente com muita terra e água, África importa uma quantidade enorme de comida e ainda sofre com a insegurança alimentar”. Segundo a Uneca, o continente importa 83% dos alimentos que consome.
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