Índice de Preços dos Alimentos da agência está em seu nível mais baixo desde setembro de 2009; cerca de 34 países em todo o mundo, muitos abrigando grande número de refugiados, precisam de assistência alimentar externa.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.
O Programa das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, FAO, afirmou que as condições favoráveis em todo o mundo para a produção de cereais vão gerar uma produção melhor do que a esperada nesta temporada.
Esta expectativa vale apesar da apreensão contínua com o El Niño, da preocupação crescente com uma queda no cultivo de milho na África Subsaariana, assim como uma produção pequena em outros locais de insegurança alimentar.
Preços
O Índice de Preços dos Alimentos da agência caiu 0,9% em junho, em relaçã ao mês anterior. A taxa registrou uma queda de 21% em comparação há um ano e está em seu nível mais baixo desde setembro de 2009.
O declínio é resultado principalmente de uma queda nos preços do açúcar e dos laticínios.
O aumento da demanda mundial de alimento para pecuária, especialmente no Brasil, China e Estados Unidos, está sustentanto os preços dos grãos, incluindo o milho.
Mas segundo a FAO, essas tendências globais de preços e perspectivas favoráveis para a produção mundial de cereais, escondem áreas localizadas de insegurança alimentar.
Assistência
Cerca de 34 países em todo o mundo, incluindo 28 na África e muitos abrigando grandes números de refugiados, precisam de assistência alimentar externa.
O relatório da FAO desta quinta-feira destaca condições de segurança alimentar “alarmantes” em áreas afetadas por conflitos no Sudão do Sul. No país africano, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar quase dobrou para cerca de 4,6 milhões desde o início de 2015.
O estudo mostra que apesar das perspectivas melhores, o Oriente Médio enfrenta uma crescente crise humanitária.
A expectativa é que a produção de cerais na região se recupere da seca do ano passado. No entanto, conflitos continuam a ter grande impacto na agricultura, e a agência menciona as crises humanitárias no Iêmen, no Iraque e na Síria.
Iêmen
A FAO destaca a situação no Iêmen, onde há 12,9 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.
Cerca de 6,1 milhões estão na fase de “emergência” e 6,8 milhões na fase de “crise”, representando um aumento de 21% em relação ao ano anterior.
Na Ásia, a expectativa é que uma safra recorde na China e no Paquistão compense declínios em outros locais, principalmente na Índia.
No Nepal houve queda na produção de comida por conta dos danos causados pelos terremotos. Na Coreia do Norte, a expectativa é de que um período de seca grave reduza a produção de cereal em 2015.
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