Coordenador da ONU pede rapidez nos esforços de recuperação para Gaza
Robert Piper demonstrou preocupação com situação humanitária na região um ano depois do fim das hostilidades; perdas econômicas chegam a US$ 1,7 bilhão.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O coordenador humanitário da ONU para os territórios ocupados palestinos, Robert Piper, pediu rapidez nos esforços de reconstrução e recuperação na Faixa de Gaza.
Piper afirmou que “Gaza ainda está em crise com civis pagando o preço mais alto”.
Danos e Perdas
Segundo ele, os 51 dias de hostilidades entre israelenses e palestinos, iniciados há exatamente um ano, causaram danos diretos e indiretos de US$ 1,4 bilhão. As perdas econômicas na Faixa de Gaza foram maiores, chegaram a US$ 1,7 bilhão, o equivalente a mais de R$ 5,3 bilhões.
O coordenador disse que o conflito matou mais de 2,2 mil palestinos, sendo 551 crianças, e deixou mais de 11 mil feridos. Do lado israelense, seis civis morreram, incluindo uma criança.
Piper explicou que as organizações humanitárias forneceram abrigo temporário a quase 90 mil famílias, alimentos para mais de 1,4 milhão e assistência psicossocial para 85 mil crianças.
Conferência
Na Conferência para a Reconstrução de Gaza, realizada em outubro do ano passado, os países doadores prometeram US$ 3,5 bilhões em ajuda aos esforços de recuperação da região.
Apesar dos trabalhos contínuos, mais de 100 mil pessoas permanecem deslocadas, vivendo em acomodações temporárias. Milhares não têm acesso a fornecimento de água e vários hospitais e clínicas de saúde ainda não estão funcionando.
O apelo humanitário para a Faixa de Gaza atingiu apenas 30% e a agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos enfrenta uma crise de fundos para cobrir as operações de ajuda.
Piper afirmou que para acelerar o processo de recuperação de Gaza, os doadores internacionais devem assegurar que as promessas feitas no Cairo se transformem em ações concretas, já que apenas 28% dos fundos prometidos foram liberados.
Desemprego
O coordenador pediu ainda que Israel revise sua política para a entrada de produtos na Faixa de Gaza, principalmente de itens relacionados à saúde.
Os dois lados devem cooperar para lidar com a forte crise de água e energia na região.
Piper disse que, de acordo com o Banco Mundial, Gaza tem hoje a maior taxa de desemprego do mundo, 43%. A insegurança alimentar afeta 73% da população e mais de 80% dos palestinos dependem de assistência humanitária para viver.
O coordenador da ONU deixou claro que “não é suficiente restaurar simplesmente a situação ao nível de vulnerabilidade de antes da guerra”. Ele afirmou que “os palestinos em Gaza precisam ser retirados do ciclo perpétuo de crise”.