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América Latina consegue reduzir pobreza pela metade BR

Objetivo referente à educação na América Latina foi alcançada. Foto: Banco Mundial

América Latina consegue reduzir pobreza pela metade

Relatório da ONU faz balanço dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; proporção de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia é de 4%; acesso a fontes seguras de água chega a 95% da população; mortalidade infantil caiu nos últimos anos.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Nos últimos 25 anos, a região da América Latina e do Caribe conseguiu alcançar vários dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, ODMs. O relatório lançado pela ONU esta segunda-feira faz um balanço sobre progressos gerais em  regiões do mundo em desenvolvimento.

A primeira meta era diminuir pela metade o total de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia. Em 1990, 13% dos latinos e caribenhos viviam na extrema pobreza e atualmente, a condição é uma realidade para 4% da população da região.

Educação

A proporção de pessoas passando fome no mundo também deveria diminuir, segundo o compromisso firmado pelos países. Na América Latina, menos de 5% sofrem com a fome, mas no Caribe essa taxa chega a 20%.

O Objetivo do Milênio número 2 era garantir que até 2015, todos os meninos e meninas do mundo pudessem completar sua educação primária. Segundo a ONU, a maioria do progresso na América Latina e Caribe foi alcançada antes do ano 2000 e atualmente, 94% das crianças estão matriculadas no ensino primário.

Mulheres

A promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres era a terceira meta, que também foi alcançada pela região. As mulheres na América Latina e no Caribe participam do mercado de trabalho quase tanto quanto os homens.

A Rádio ONU ouviu a diretora da ONU Mulheres para a América Latina, Luiza Carvalho, que falou sobre a segregação de carreiras no Brasil.

“Isso é muito dramático. Embora a gente veja bons avanços, aqui no Brasil acabamos de ver que a mulher está liderando a participação em medicina, o que é um fato inusitado, há 15 anos isso não ocorria. Hoje temos mais mulheres na medicina do que homens. Mas a segregação entre carreiras tecnológicas e carreiras humanas ainda é fundamental. E nós sabemos que as carreiras melhor remuneradas são as carreiras que estão na linha das engenharias e das tecnologias. E aí você vê predominantemente a participação do homem, a participação da mulher é em torno de 30%.”

Fora do setor agrícola, 45 entre 100 postos de trabalhos assalariados são ocupados por mulheres, o maior índice entre todas as regiões em desenvolvimento do mundo.

A representação das mulheres no Parlamento é de 27%, também a maior entre todas as regiões.

Crianças e Mães

O Objetivo de Desenvolvimento do Milênio número 4 previa que as mortes de crianças menores de cinco anos fossem reduzidas em dois terços entre 1990 e 2015. Na América Latina e Caribe a meta foi alcançada, com redução de 69%.

Isso representa atualmente 17 mortes a cada mil nascimentos, sendo que em 1990, eram 54 mortes por mil nascimentos.

Melhorar a saúde materna era o quinto objetivo, sendo que na América Latina, 77 mulheres entre 100 mil não sobrevivem ao parto. No Caribe, o total de mortes chega a 190.

Adolescentes e Aids

O relatório destaca que América Latina e o Caribe fizeram poucos progressos para reduzir o total de adolescentes grávidas e a região tem o segundo maior índice de partos na adolescência: 73 entre 1 mil adolescentes ficam grávidas.

Sobre a Aids, tema do sexto objetivo, a região conseguiu o maior progresso em relação ao tratamento: 44% das pessoas que vivem com HIV na América Latina e Caribe têm acesso à terapia antirretroviral.

Mas segundo o relatório das Nações Unidas, os progressos para conter novas infecções foram lentos: no ano 2000, o total de novos casos de HIV chegavam a 96 mil e em 2013, foram registrados 94 mil novas infecções.

Água Potável

Por outro lado, a América Latina e o Caribe conseguiram alcançar a sétima Meta do Milênio, ligada à água e ao saneamento. Atualmente, 95% da população tem acesso a fontes seguras de água, um objetivo alcançado cinco anos do prazo.

Em relação ao saneamento, a região está bem próxima de diminuir pela metade o total de pessoas que não têm saneamento básico. Em 1990, 67% da população tinha acesso ao saneamento adequado e atualmente o índice é de 83%.

A região ainda tem 20% dos seus habitantes morando em favelas, uma queda de apenas 9% em relação aos índices do ano 2000.

Celular

O oitavo e último Objetivo de Desenvolvimento do Milênio foca em parcerias ligadas à assistência financeira e ao comércio. Os dados do relatório são globais: a dívida dos países em desenvolvimento “caiu de forma dramática na primeira década do milênio e agora está estabilizada”.

A meta também previa maior cooperação com o setor privado, o que contribuiu para o forte aumento do uso de telefones celulares e da internet, mas a divisão digital entre ricos e pobres continua crescendo. Segundo o relatório, os serviços de telefonia móvel contam atualmente com 7 bilhões de assinaturas.