Agência da ONU afirma que 34 milhões de crianças e adolescentes estão fora das salas de aulas nessas nações; população mais pobre é a mais afetada.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, alertou que 34 milhões de crianças e adolescentes estão fora das escolas em países em conflito.
Segundo o relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, são necessários US$ 2,3 bilhões, o equivalente a R$ 7,1 bilhões, para colocar todos de volta em salas de aula.
Fundos Humanitários
O valor é 10 vezes maior do que os fundos humanitários de ajuda para a educação que estão sendo recebidos atualmente.
Os especialistas disseram que a população mais vulnerável é a mais atingida, com as crianças pobres tendo o dobro de chances de ficar fora da escola comparado com os menores mais necessitados em países pacíficos.
O relatório da Unesco mostra que apenas um terço dos países conseguiu atingir as metas de educação global dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, implementados em 2000.
O documento afirma que os conflitos armados representam a maior barreira para se alcançar melhores resultados. As meninas e jovens têm quase 90% de possibilidade de ficarem fora do ensino secundário.
Esperança
A diretora-geral da agência da ONU, Irina Bokova, disse que "o retorno à escola talvez seja o único sentimento de esperança e normalidade para muitas crianças e jovens que vivem em países em conflito".
Bokova explicou que a "educação deve ser vista como parte da resposta inicial durante uma crise e parte integral da estratégia de reconstrução da paz".
O relatório diz ainda que uma das principais razões para os conflitos terem um grande impacto na educação é a falta de verba. Em 2014, o setor recebeu apenas 2% da ajuda humanitária.
Os especialistas da Unesco afirmam que se a meta de 4% tivesse sido atingida, o número de crianças fora da escola teria caído para 15,5 milhões.
Apelos
Muitos dos apelos não cobrem todos os menores que necessitam de ajuda. O documento cita, por exemplo, que em 2013, 21 milhões de pessoas precisavam de assistência educacional.
Apenas oito milhões foram incluídas nos cálculos e desse total, somente 3 milhões realmente receberam ajuda, deixando 18 milhões sem qualquer tipo de assistência.
Para combater o problema, o relatório sugere, entre outros, que seja feita uma avaliação objetiva e consistente para que se possa compreender as necessidades das crianças e adolescentes em regiões de conflito.
O documento pede ainda maior conexão entre financiamentos para desenvolvimento e ajuda humanitária.