Atualização ao Conselho de Direitos Humanos destaca escalada de violência com fornecimento de dinheiro, combatentes e armas; grupo refere que responsáveis de crimes cometidos no conflito não temem consequências.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A guerra contínua na Síria representa um profundo fracasso da diplomacia, segundo a Comissão de Inquérito Independente sobre o país.
O chefe de grupo, Paulo Sérgio Pinheiro, fez as declarações esta terça-feira numa atualização sobre o conflito sírio que foi apresentada no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
Armas
Após o discurso, Pinheiro declarou à Rádio ONU que o fornecimento de armas aos envolvidos deve parar. O relatório defende que atores externos apoiam às partes do conflito "com dinheiro, combatentes e armas" provocando "uma escalada brutal da violência armada"
"O que eu disse no meu discurso é que há uma profunda falência da diplomacia internacional, em termos de enfrentar as necessidades do final desse conflito. Quem paga o preço dessa falência é a população civil. São os 14 milhões de deslocados. São os 4 milhões de refugiados e milhares de crianças mortas."
Pinheiro afirmou que civis são sistematicamente mortos, adversários silenciados e comunidades colocadas umas contra as outras no território sírio.
Desastre
"Ninguém respeita as regras de engajamento na guerra, tanto o governo como os grupos rebeldes, que incluem posições perto das comunidades civis, das populações. Esse é o maior desastre. Além disso, nós falamos de cercos às populações, e alguns já duram mais de dois anos e meio. Falamos também dos ataques aos bens culturais protegidos pelo Direito Internacional."
Nas áreas sitiadas, o relatório destaca um sentimento de desespero de civis, sem comida e muitas vezes sob bombardeamentos. Os idosos, menores e doentes crónicos ou feridos nessas ações "são os mais propensos a morrer" nessas áreas.
Trauma
Com a persistência desse isolamento, a comissão destaca um aumento de vítimas nessas comunidades, que são afetadas pelo trauma psicológico grave.
Durante o informe, o chefe da comissão disse que os Estados com influência têm agido com ambiguidade nos seus esforços para acabar com o conflito na Síria.
O grupo defende que, sem descurar a necessidade de uma solução política, alguns deles têm aprofundado o seu envolvimento militar que acentua a internacionalização do conflito.
Escalada
Pinheiro declarou que os que têm a maior responsabilidade pelos crimes, pelas violações e pelos abusos cometidos contra os sírios não temem consequências. Como defende, a falta de uma ação decisiva internacional alimenta uma cultura de impunidade profundamente enraizada.
A Comissão lembrou que durante os últimos quatro anos apresentou uma lista de abusos, de crimes de guerra e contra a humanidade mas "a justiça ainda parece além do alcance coletivo".
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