Enviado especial do secretário-geral para os Grandes Lagos vai acompanhar os progressos como representante regional; Ele agradeceu a cooperação das partes envolvidas durante o diálogo que sublinha ter facilitado com imparcialidade.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O enviado especial do secretário-geral para os Grandes Lagos, Said Djinnit, deixou de mediar o diálogo político no Burundi.
Em nota, as Nações Unidas disseram que vão prosseguir consultas com líderes da região, da Comissão da União Africana, da Comunidade da África do Leste e da Conferência Internacional sobre os Grandes Lagos.
Diálogo
O objetivo será analisar melhor como a ONU pode continuar a apoiar os esforços internacionais para encorajar o diálogo político entre as partes envolvidas no Burundi.
Em declarações à Rádio ONU da capital burundesa Bujumbura, o porta-voz da Missão da ONU no Burundi, Vladimir Monteiro, revelou que Djinnit vai continuar a acompanhar a situação como representante regional das Nações Unidas.
Facilitação
"Ele chegou no fim de maio para facilitar o diálogo entre as partes burundesas: o governo, o partido no poder e aliados, a oposição, a sociedade civil e as entidades religiosas. Houve uma série de situações em discussão com acordos pelo meio com destaque para dois pontos, sobretudo o mandato do presidente atual e as manifestações. Duas correspondências foram enviadas pela oposição e pela sociedade civil ao secretário-geral sobre essa facilitação. Said Djinnit tomou nota dessas correspondências mas também, com base nisso, abandona a facilitação que era feita com outras partes. Mas continua a acompanhar a situação no Burundi, na qualidade de enviado especial para a região dos Grandes Lagos."
A organização diz acreditar que a questão burundesa será discutida na presente cimeira da União Africana em Joanesburgo. As Nações Unidas afirmam que após as consultas haverá mais clareza sobre a situação, incluindo o papel de facilitador.
Golpe Fracassado
Djinnit foi incumbido de mediar o diálogo no Burundi em abril passado, na sequência das manifestações pré-eleitorais que provocaram mortos e dezenas de milhares de refugiados. As semanas de protestos culminaram com um golpe fracassado.
Monteiro disse que a situação continua preocupante e que uma morte foi registada esta quinta-feira. O porta-voz revelou que entidades regionais defendem a continuação do processo de diálogo.
"O caminho a seguir, segundo as organizações regionais: a União Africana, a Comunidade dos Países da África do Leste, e a Conferencia Internacional da Região dos Grandes Lagos é que o diálogo continue."
Djinnit esteve em Bujumbura a dirigir o processo desde maio, dias depois dos protestos na sequência do anúncio da candidatura do Presidente Pierre Nkurunzinza a um terceiro mandato nas eleições marcadas para 15 de julho.
Processo
Em nota, Djinnit agradeceu a todas as partes do Burundi pela cooperação durante o diálogo, que declarou ter facilitado com imparcialidade. O reconhecimento também foi dirigido a parceiros internacionais que intervieram no processo.
A tensão no Burundi levou a ONU a chamar a atenção para a crise humanitária preocupante na região. Cerca de 100 mil burundeses atravessaram as fronteiras para países como Ruanda, Tanzânia e República Democrática do Congo.
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