Perspectiva Global Reportagens Humanas

Em dia internacional, moçambicanos realçam importância dos arquivos

Dia Internacional dos Arquivos. Foto: Ouri Pota.

Em dia internacional, moçambicanos realçam importância dos arquivos

Académico alerta para perigo de sociedade “defeituosa” sem o tipo de informação; Rádio ONU recolheu pontos de vista de profissionais da música e da fotografia; celebração foi instituída em novembro de 2007 pela Unesco.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

Celebra-se, este 9 de junho, o Dia Internacional dos Arquivos. A data foi escolhida pela Assembleia Geral do Conselho Internacional de Arquivos da Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.

A relevância do tipo de informação foi o tema de conversa entre a Rádio ONU, em Maputo, com o académico moçambicano Baltazar Macamo, a cantora Lenna Bahule e o fotógrafo Emídio Josine.

Desenvolvimento 

Os entrevistados consideram que os arquivos desempenham papel importante na preservação da história. Baltazar Macamo fala do seu contributo para o progresso.

“O desenvolvimento de Moçambique, neste caso, não é só económico das vias de acesso etc. O desenvolvimento também é justamente preservar e conservar o que é da dimensão da humanidade, a dimensão das pessoas. Toda a humanidade, toda sociedade moçambicana pode ficar defeituosa se no futuro não podermos ver e reutilizar as coisas que fazem parte do nosso ser. É preciso também imaginar que para desenvolvimento do país temos que por a dimensão cultural e do património imaterial.”

História Viva

O fotógrafo moçambicano, Emídio Josine partilha o ponto de vista em relação à importância dos arquivos para manter a história viva.

“Eu consegui perceber agora que Moçambique esta a desenvolver e que há muitos edifícios que estão a ser “abatidos”, posso usar esta expressão porque o património devia preservar estas estruturas que fazem parte a nossa cultura. Mas como fotografo eu acredito que é um dever nosso de registar esses monumentos antes que desapareça porque depois não vamos ter história, então para mim, fazer um arquivo vai enriquecer nossa história, porque existe muita coisa que não foi registada, não é registada, não tem arquivo.”

Contos e Ritmos

Lenna Bahule, cantora moçambicana que vive em São Paulo, no Brasil, diz que os arquivos são a sua fonte das pesquisas que faz para o resgate dos contos e de ritmos tradicionais moçambicanos.

“Para mim, os arquivos servem como referência de resgate de enraizamento, por exemplo. Se eu não sei para que direção vou, se eu preciso de uma inspiração de alguma intenção que eu quero colocar no meu trabalho na mensagem que eu quero transmitir eu vou atrás daquilo que me inspira, aquela energia, sensação que quero transmitir e eu escuto absorvo, entendo, compreendo, faço anotações, escrevo a minha relação como eu me relaciono com aquela informação e como ela pode ser adaptada para o tempo que eu vivo hoje.”

Baltazar Macamo é o autor da obra Conservação e Valorização do Património Sonoro em Moçambique. Radicado na França, ele defende que a palavra final sobre o que deve ser arquivado vem depois de envolver várias áreas do conhecimento.

Decisão

“É uma decisão muito difícil de fazer, por exemplo na Rádio é os próprios profissionais dessas instituições que põem uma linha editorial que diz guardamos isto e não guardamos aquilo. Temos que ter pessoas vinda de muitas disciplinas diferentes, psicólogos, sociólogos, antropólogos que podem diz para uns isto é importante, prontos querem guardar por exemplo entrevistas de personalidades porque corresponde o conjunto de material e outras pessoas de outras áreas sociais podem dizer este material também é importante.”

O Dia Internacional dos Arquivos foi instituído em novembro de 2007 pela Assembleia Geral do Conselho Internacional de Arquivos. O evento decorreu no Québec, no Canadá, e coincidiu com a data da criação da entidade da Unesco.

Este ano, o 9 de junho é assinalado sob lema "O Papel dos arquivos na preservação da memória institucional da administração pública".