Conselho de Segurança apreensivo com situação grave no Iémen

Órgão teve o informe do enviado do secretário-geral em reunião à porta fechada; conflito deslocou mais de 1 milhão de pessoas desde meados de março; os 15 países-membros dizem apoiar nova pausa humanitária.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Conselho de Segurança expressou "profunda preocupação com a situação grave" no Iémen, em nota que insta as partes envolvidas no conflito a retomar as consultas políticas mediadas pela ONU.
Nesta quarta-feira, o representante do secretário-geral para o país prestou um informe ao órgão via videoconferência. Ismail Ould Cheikh Ahmed abordou a situação no terreno em reunião à porta fechada.
Negociações
Antes do encontro, os 15 Estados-membros reafirmaram o apelo aos partidos iemenitas para uma participação e um envolvimento nas negociações "sem condições prévias e de boa-fé".
O Conselho quer que a solução das diferenças seja através do diálogo e de consultas entre as partes. A nota rejeita os atos de violência para alcance de objetivos políticos, e pede aos envolvidos que se abstenham da provocação e de todas as ações unilaterais para minar a transição política.
De acordo com as Nações Unidas, mais de 1 milhão de pessoas fugiram das suas casas devido ao conflito desde meados de março.
Acesso
Agências humanitárias afirmam que o número de deslocados deve aumentar à medida que melhora o acesso a outras áreas. A organização disse que metade dos que abandonaram as suas áreas são das províncias de Hajjah no leste e Al-Dhale'e, no sul do país
O Conselho defende que as atuais tensões políticas e de segurança agravaram ainda mais a crise humanitária e a escassez de alimentos. Atualmente, 12,5 milhões pessoas enfrentam a insegurança alimentar no Iémen.
Respeito
O Conselho de Segurança saudou o apelo feito pelo secretário-geral para "mais uma pausa humanitária" com vista a fazer chegar assistência urgente a mais iemenitas. O órgão apelou a todas as partes que respeitem o direito internacional humanitário.
A nota sublinha também a necessidade urgente de acesso contínuo de fontes comerciais ao país devido à "forte dependência" da importação de alimentos e combustíveis. Mais de 90% da comida do Iémen é proveniente do exterior.
O Programa Mundial de Alimentação, PMA, confirmou que os preços da comida dispararam devido à escassez. O custo do gás de cozinha subiu em média 131% desde o início da crise iemenita.
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