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Unicef alerta sobre uso de mulheres e crianças em ataques suicidas na Nigéria BR

Civis nigerianos. Foto: Irin/Anna Jefferys

Unicef alerta sobre uso de mulheres e crianças em ataques suicidas na Nigéria

Agência da ONU disse que elas foram usadas na maioria das ações realizadas no nordeste do país; número de casos desde janeiro já superou o total registrado em 2014.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, alertou que 75% dos 27 ataques suicidas com bomba ocorridos no nordeste da Nigéria desde janeiro, foram realizados por mulheres e crianças.

Segundo a agência da ONU, o número de casos neste ano já superou o total registrado em 2014.

Explosivos

O representante do Unicef na Nigéria afirmou que as crianças são intencionalmente usadas por adultos da "forma mais horrível". Jean Gough reiterou que os menores "são antes de mais nada vítimas e não crimonosos".

A agência da ONU diz que o aumento acentuado ocorre tanto na frequência como na intensidade dos ataques. As meninas e as mulheres detonam bombas ou explosivos presos na cintura em locais movimentados como praças e estações rodoviárias.

Desde julho de 2014, crianças e jovens com idade entre 7 e 17 anos, estiveram envolvidas em nove incidentes de suicídio.

Risco

O Unicef calcula que 743 mil crianças tenham sido deslocadas nos três Estados mais atingidos pelo conflito na Nigéria, de um total de 1,3 milhão de pessoas..

O número de crianças desacompanhadas e separadas deve chegar a 10 mil. A separação dos menores das famílias ocorreu durante a fuga da violência.

Segundo a agência, sem a proteção familiar as crianças correm maior risco de exploração por parte dos adultos e podem acabar envolvidas em "atividades de grupos criminosos ou armados."

A preocupação do Unicef é que o aumento do uso de crianças como homens-bomba possa fazer com que elas sejam vistas como potenciais ameaças.

Sofrimento

A agência da ONU trabalha com parceiros e com autoridades nigerianas para reduzir a vulnerabilidade das crianças, através da identificação das que estão sem os pais ou familiares e oferecendo cuidados adequados.

Com ações de apoio psicossocial, mais de 35 mil crianças estão sendo atendidas com ações para lidar com o mal-estar agudo e o sofrimento resultantes do conflito.

Com a posse do novo presidente nigeriano, prevista para esta semana, o Unicef pede que a prioridade da agenda política seja a segurança e o bem-estar de todas as crianças, especialmente as atingidas pela crise no nordeste do país.

*Apresentação: Edgard Júnior

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