ONU fala de risco de maior instabilidade com represálias violentas no Burundi

Chefe dos Direitos Humanos quer medidas para afastar perigo de vida aos civis e garantias da sua proteção; agências de notícias citam autoridades dando conta do regresso ao país do presidente Pierre Nkurunziza; países vizinhos abrigam 105 mil burundeses.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos disse haver um risco claro de uma "instabilidade prolongada ou agravada" no Burundi em caso de represálias violentas.
Uma nota emitida esta sexta-feira pelo seu escritório, em Genebra, destaca muita preocupação com os desenvolvimentos verificados nos últimos dois dias no país.
Proteção de Civis
O apelo é que as Forças Armadas e os intervenientes não-estatais abstenham-se de tomar medidas que possam pôr em perigo a vida de civis e que estas garantam a sua proteção contra os efeitos do conflito.
Agências de notícias anunciaram a prisão de três participantes no fracassado golpe contra o presidente Pierre Nkurunziza e que o líder da ação ainda estaria em parte incerta.
Os relatos indicam que o líder burundês teria regressado ao país após ter estado na vizinha Tanzânia. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados estima que mais de 105 mil pessoas fugiram do país desde o início do conflito em abril.
Vida de Jornalistas
O escritório do chefe dos Direitos Humanos da ONU anunciou ter recebido relatos de inúmeros ataques aos meios de comunicação privados e estatais e da destruição de estações de rádio e de televisão. Essas ações puseram em perigo a vida dos jornalistas que ainda estavam dentro deles nesse momento.
A nota pede que sejam reabertos todos os meios de comunicação e respeitada a independência dos jornalistas, com vista à garantia da sua segurança juntamente com a dos defensores dos direitos humanos.
Um dos exemplos citados é o de um dos proeminentes ativistas da área no Burundi. Pierre-Claver Mbonimpa teve que se esconder depois de receber ameaças de morte.
O escritório adverte que os que incitam ou têm envolvimento em atos de violência podem ser alvos de um processo judicial por organismos judiciais competentes e lembra uma declaração da procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional.
Instabilidade
A outra preocupação é com uma crise humanitária maior causados pela instabilidade política e pelos relatos de intimidação dos civis.
Ao citar o aumento significativo de refugiados burundeses nos países vizinhos, a nota destaca o agravamento das condições sanitárias em alguns locais que abrigam muitos refugiados como em Kagunga, na Tanzânia.
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