Órgão reuniu-se à porta fechada para acompanhar informe do representante do secretário-geral para os Grandes Lagos; PMA teme que situação política se transforme em crise humanitária; refugiados do país chegam a 50 mil.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Os países-membros do Conselho de Segurança prometeram continuar atentos aos progressos em relação à onda de violência no Burundi, "até que melhore a situação política e de segurança".
O anúncio foi feito a jornalistas esta sexta-feira, em Nova Iorque, pela embaixadora da Lituânia. Raimonda Murmokaité falou na qualidade de representante do país que preside rotativamente o órgão em maio.
Violência
A diplomata disse que vai haver resposta rápida a qualquer ato que ameace a paz, a segurança e a estabilidade no Burundi, detendo ativamente a violência ou atos que incluem a distribuição de armas.
Após a reunião à porta fechada, o órgão reiterou que todas as partes devem comprometer-se com a paz e segurança no país.
O encontro foi marcado pelo informe do representante do secretário-geral para os Grandes Lagos, Said Djinnit, que está a facilitar o processo de diálogo no Burundi.
Refugiados
Entretanto, mais de 50 mil pessoas fugiram para os vizinhos Ruanda, Tanzânia e República Democrática do Congo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur. A maioria é composta por mulheres e crianças.
A agência revelou haver sinais alarmantes do progresso da violência pré-eleitoral desde o seu início em meados do mês passado.
Milícias
O Acnur mencionou os protestos desta semana na capital, Bujumbura, e relatos de violência diária que se alastraram para as outras províncias.
Os recém-chegados ao Ruanda contaram ter deixado o seu país por terem sido perseguidos e intimidados por jovens das milícias Imbonerakure, o que os obrigou deixar o Burundi como medida de precaução.
Desenvolvimento
Os relatos apontam para várias pessoas que tiveram dificuldades de deixar o país, mulheres que sofreram ameaças de estupro por parte de homens armados e ações de suborno para se livrarem dos obstáculos na rota em busca de abrigo.
O Acnur disse que desde o fim da guerra civil, em 2005, o Burundi registou um dos mais promissores sinais de desenvolvimento no continente africano em relação aos refugiados.
Segurança Alimentar
O Programa Mundial de Alimentação, PMA, disse temer que a crise política no Burundi seja transformada em crise humanitária. Além das fugas para os países vizinhos, a agência destaca o possível impacto na segurança alimentar do país.
O PMA disse estar a preparar-se para ajudar até 100 mil refugiados no Ruanda com os parceiros humanitários, caso seja necessário. No país vizinho, a agência instalou um acampamento e três centros de trânsito para apoiar os burundeses.
A agência distribui biscoitos energéticos aos refugiados, além de refeições quentes. Um quarto das crianças acolhidas em Mahama estava desnutrida.
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