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Unesco apoia iniciativas para massificação do jazz em Moçambique

Texito Langa. Foto: Rádio ONU/Ouri Pota

Unesco apoia iniciativas para massificação do jazz em Moçambique

Música na rua, concertos e projeção de documentários sobre da história do estilo musical marcam as comemorações do Dia Internacional do Jazz; cidade de Maputo e arredores também participam no movimento global.

Ouri Pota Da Rádio ONU em Maputo.

O jazz será destaque em concertos e documentários sobre a história do estilo musical, a serem apresentados em ruas de Maputo.

A Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, juntou-se à Associação Cultural Phiane para realizar eventos que marcam o Dia Internacional do Jazz, este 30 de abril.

Elites

Falando à Rádio ONU, em Maputo, representante da agremiação, Armando Ubisse, disse que a parceira pretende desmitificar a ideia de que o estilo musical é para as elites.

“Nós pretendemos exatamente levar estas iniciativas para a população, para o cidadão comum. Se formos a ver, ultimamente este género musical, infelizmente passou a ser de elite. Isto incomoda muito e nós queremos desenvolver vários programas, de modo a que nós consigamos devolver a popularidade deste género musical. Este é um dos objetivos que pretendemos seguir.”

As ruas de Maputo e do bairro de Xipamanine, nos arredores da cidade, vão vibrar com os sons do jazz.

Componete Educativa

A oficial de Programas de Cultura da Unesco em Moçambique, Ofélia da Silva considerou a iniciativa positiva, daí a colaboração com a componente educativa.

“O objetivo é usar o jazz para promover o diálogo intercultural, a compreensão mutua, a não-violência, a promover todos os processos que tem a ver com a dignidade humana e para o desenvolvimento das sociedades e comunidades. Este evento não esta baseado apena nos concertos mas sim também documentários e filmes, programas educacionais que vai juntar se crianças que vão ser ensinadas a integrar valores do jazz de modo que possam usar para o desenvolvimento e para a educação.”

A vertente educativa também é destacada pelo etnomusicólogo moçambicano Moreira Chonguiça. Ele cita figuras emblemáticas do estilo musical que está a ser celebrado para destacar a suas raízes humildes.

Saxofone

“Tens aquela parte teórica relacionada com a história do próprio jazz, onde começas a estudar um artista, vamos dar exemplo Charlie Parker: quem era Charlie Parker quando nasceu, filho de quem, como começa a estudar Saxofone? Mas também estudas o contexto social, naquela época que ele nasceu, naquela região nos Estados Unidos, qual era posicionamento de Charlie Parker como negro americano, como era o racismo, como era a religião, tu começas a perceber isto tudo.

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Moreira Chonguiça. Foto: Rádio ONU/Ouri Pota
Apanhas as respostas nas músicas que ele escreveu, portanto é por isso que é importante conhecer o contexto social.”

Para Chonguiça, a divulgação e a massificação do jazz em Moçambique deve envolver várias entidades ao mesmo tempo.

Rádio

“É um processo conjunto todo nosso, conscientização nossa, todos como comunidade, governo, setor privado. Eu como saxofonista preciso de um microfone, quer dizer que preciso de um técnico para ligar o microfone, quando meu disco sai para fazer a capa preciso de um gráfico, aquela capa alguém fez a fotografia, preciso de um fotografo, depois preciso de alguém para escrever os textos, preciso de alguém na área da literatura, depois preciso a rádio para publicitar, vender o disco então é um processo que engloba várias vertentes.”

O Dia Internacional do jazz foi celebrado pela primeira vez em 2012. A data foi criada pela Unesco e anunciada pelo pianista e embaixador da Boa Vontade da agência da ONU Herbie Hancock.

A comemoração tem como objetivo recordar a importância do género musical e o seu contributo na promoção de diferentes culturas e povos ao longo da história. O jazz está associado à luta pela liberdade e a abolição da escravatura.

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