ONU pede mais para ações para proteger civis no Afeganistão
Após visitar o país, secretário-geral assistente realçou dificuldades; no primeiro trimestre morreram 655 civis e outros 1.155 ficaram feridos devido à violência; Ivan Simonovic falou com menores presos por tentar executar ataques suicidas.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral assistente de Direitos Humanos disse que mais precisa ser feito para proteger os civis do Afeganistão. As declarações de Ivan Simonovic foram feitas esta terça-feira, no fim da visita de uma semana ao país.
Em nota, o representante destacou uma situação de segurança "cada vez mais difícil" após a retirada das tropas estrangeiras e a transferência das responsabilidades de segurança para as forças afegãs.
Mortos
Dados preliminares compilados pela Missão da ONU no Afeganistão, Unama, apontam para a morte de 655 civis e 1.155 feridos no primeiro trimestre de 2015.
Simonovic disse que esse balanço confirma a tendência negativa, após um 2014 que considerou um "ano terrível para a população civil do Afeganistão".
Na nota, ele destacou que os civis afegãos são os que "pagam o preço pela violência", ao apontar o exemplo do ataque suicida que fez pelo menos 35 mortos na semana passada na cidade de Jalalabad.
Crimes de Guerra
Simonovic considera inaceitável que os afegãos tenham de enfrentar diariamente a violência. Para o responsável, não pode haver dúvidas de que o uso dessas táticas "representa crimes de guerra e que os responsáveis pela sua organização ou execução devem ser levados à justiça".
Para o secretário-geral assistente, o Afeganistão encontra-se numa situação paradoxal. Por um lado, com oportunidades para as negociações de paz que não se poderiam imaginar há alguns meses.
Mas por outro, afirmou que o conflito tende a intensificar-se numa altura em que insurgentes "testam a resistência das forças de segurança na esperança de ganhar influência em futuras negociações".
Crianças
No Afeganistão, a visita incluiu crianças detidas por crimes relacionados com o conflito, incluindo a tentativa de cometer atentados suicidas. Vítimas civis e médicos no hospital de emergência em Cabul também foram ouvidas.
Na série de encontros, Simonovic incluiu o presidente, Ashraf Ghani, e o chefe do governo, Abdullah Abdullah . O representante da ONU disse ter sido encorajado pelo compromisso de pôr fim à tortura em centros de detenção e com medidas para preparar um plano de ação nacional de prevenção da prática.
Simonovic acompanhou o lançamento de estudo sobre barreiras para as mulheres na justiça. Ele saudou a nomeação de quatro ministras, tendo realçado a obrigação de garantir a representação feminina em instituições como polícia e o poder judiciário, além da sua participação no processo de paz.
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