ONU fala de discriminação persistente nos 21 anos do genocídio do Ruanda
Em mensagem, secretário-geral lamenta conflitos e crimes atrozes que continuam a dividir e a matar; massacre provocou mais de 800 mil mortos em 1994.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral das Nações Unidas disse que muitos países continuam a enfrentar ameaças de segurança graves, em mensagem que assinala os 21 anos do genocídio do Ruanda.
Ban Ki-moon destaca que, atualmente, as pessoas são submetidas à brutalidade de conflitos violentos e das indignidades da pobreza.
Racismo
Para o chefe da ONU, a discriminação persiste em sociedades dilaceradas pela guerra, bem como nas democracias que em grande parte gozam de paz. Ban menciona manifestações do ódio como o "racismo institucionalizado, conflitos étnicos ou episódios de intolerância e de exclusão".
O Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio em Ruanda é marcado a 7 de abril, em memória aos mais de 800 mil mortos em 1994, na sua maioria de etnia tutsi, registados em menos de três meses.
Ban realça que no massacre foram igualmente assassinados hutus moderados, pessoas de etnia twa e outros. Para ele, o momento é também uma ocasião para reconhecer a dor e a coragem dos sobreviventes.
Identidade
O chefe da ONU disse que, atualmente, a discriminação é refletida em vários casos, na "versão oficial da história nacional que nega a identidade de alguns segmentos da população".
Num olhar para o mundo, Ban lamentou os conflitos e crimes atrozes em várias partes que continuam a dividir comunidades, a matar e a deslocar pessoas, além de minar economias e destruir o património cultural.
Como dever coletivo, o secretário-geral disse que essas situações devem ser evitadas e protegidas as pessoas vulneráveis que estejam em perigo.
Atrocidades
No ano que marca o 70º aniversário das Nações Unidas, Ban apelou que seja aproveitada a ocasião para olhar para o passado e confrontar diretamente os desafios do presente e renovar a determinação coletiva para evitar atrocidades.
O apelo à comunidade internacional é que faça "mais do que apenas falar sobre crimes atrozes e depois deixar de tomar medidas oportunas para impedi-los".
Para Ban, a coragem de agir diante do agravamento de situações, com base na responsabilidade moral coletiva é "fundamental para a manter a paz e a segurança internacionais.
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