Ban afirma sentir “vergonha” com continuação da guerra síria
No Kuwait, secretário-geral fala também em “raiva profunda” com a importência da comunidade internacional em acabar com o conflito; ONU faz apelo de US$ 8,4 bilhões para assistência humanitária aos civis da Síria.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
Na Terceira Conferência Internacional de Arrecadação para a Síria, que está sendo realizada no Kuwait esta terça-feira, o secretário-geral da ONU lembrou que ano após ano, o mundo tem visto o país ser destruído.
Ban Ki-moon afirmou ter “vergonha, raiva profunda e frustração com a impotência da comunidade internacional em parar a guerra”. Segundo o chefe da ONU, mais de 220 mil sírios morreram, mas ele destacou que o cálculo é “conservador” e que o total de mortes deve ser muito maior.
Apelo Financeiro
De acordo com Ban, a ONU espera em 2015 arrecadar US$ 8,4 bilhões para ajudar quatro em cada cinco sírios que vivem na pobreza e na miséria. Ele lembrou que o país perdeu quase 40 anos de desenvolvimento humano, a taxa de desemprego está acima de 50% e a expectativa de vida caiu 20 anos.
Sobre as crianças sírias, Ban Ki-moon lamentou que meninos e meninas foram assassinados e vítimas de ataques contra escolas. Cada vez mais crianças são recrutadas para lutar em conflito, criando uma “geração perdida”.
O secretário-geral disse que outro marco “cruel” está perto de ser atingido: mais de 4 milhões de pessoas buscaram refúgio em países vizinhos à Síria. Ele agradeceu aos governos da Turquia, Líbano, Jordânia, Egito e Iraque, que são os que mais acolheram sírios nos últimos anos.
Generosidade
Enquanto a assistência humanitária autorizada pelo Conselho de Segurança consegue atingir cada vez mais pessoas dentro da Síria, Ban afirmou não ser suficiente. Segundo ele, quase 5 milhões de sírios estão sitiados em áreas de difícil acesso, sem comida nem cuidados médicos.
Para o secretário-geral, a conferência Kuwait III oferece à comunidade internacional a chance de demonstrar generosidade com os sírios. Ban destacou não haver respostas simples para um conflito “desumano”, mas segundo ele, a melhor solução humanitária para acabar com o sofrimento das pessoas é encontrar uma solução política para o fim da guerra.
No ano passado, a ONU pediu US$ 2,4 bilhões e segundo Ban, mais de 90% do dinheiro foi alcançado. No início da conferência desta terça-feira, o Kuwait se comprometeu a doar US$ 500 milhões e as Nações Unidas esperam a ajuda de outros países para alcançar a meta de US$ 8,4 bilhões.