Perspectiva Global Reportagens Humanas

Defensores de direitos humanos "estão sob ataque" na Líbia, diz relatório

Ameaças de morte através das redes sociais

Defensores de direitos humanos "estão sob ataque" na Líbia, diz relatório

Estudo da ONU relata uso das redes sociais para intimidar ativistas e jornalistas; vítimas podem ser assassinadas, sequestradas, torturadas ou detidas; atos ocorrem desde a escalada do conflito em maio do ano passado.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Um relatório lançado esta quarta-feira insta as autoridades líbias e aos que têm controlo no terreno que se abstenham imediatamente e tomem medidas para o fim de ataques a defensores dos direitos humanos.

O estudo revela uma série de ações violentas, em todo o país, contra os defensores desses princípios. Em alguns casos, as pessoas visadas são forçadas a deixar o país.

Redes Sociais

As vítimas são alvos de assassinato, sequestro, tortura e outros maus-tratos além da "privação ilegal da liberdade e ameaças de morte por telefone e nas redes sociais" desde a escalada do conflito em maio de 2014.

A pesquisa que envolveu a Missão das Nações Unidas na Líbia, Unsmil, e o Escritório da ONU para os Direitos Humanos destaca que grupos armados perseguem defensores dos direitos humanos. Estes tornam-se alvos dessas ações quando procuram esclarecer e abordar as violações e abusos.

Medidas

Ao Conselho Nacional de Liberdades Públicas e Direitos Humanos e outros membros da sociedade civil, o documento recomenda que tomem medidas urgentes para proteger ativistas e que todos condenem publicamente tais atos.

O relatório retrata casos de ativistas e de jornalistas que deixaram o país após terem recebido ameaças nas redes sociais de morte, violência sexual, agressão física ou prisão com membros da família. Mesmo após fugir para o exterior, alguns contaram que continuaram a ser ameaçados.

O documento sublinha que estão ainda por ser resolvidos os casos de assassinato de figuras proeminentes no ano passado em Bengazi. Estas incluem o editor e jornalista Muftah Abu Zeid e os ativistas Salwa Bughaigis e Tawfik Bensaud.

Crimes

O relatório adverte que os autores de crimes de direito internacional ou de delitos revelados no documento são criminalmente responsáveis, mesmo perante o Tribunal Penal Internacional, TPI.

O estudo frisa a necessidade crítica de se voltar a consolidar as instituições do Estado, especialmente as agências de aplicação da lei e o sistema global de justiça.

Os países vizinhos e a comunidade internacional são recomendados a garantir a proteção dos defensores dos direitos humanos na Líbia, através de medidas que incluem a emissão de vistos de emergência e a oferta de abrigos temporários.

Leia Mais:

Mediador divulga pontos em debate ao pedir agilização de diálogo na Líbia

Em Marrocos, ONU aponta “sentido de urgência” nas negociações sobre a Líbia