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OIM organiza painel sobre identificação de migrantes desaparecidos BR

Foto: OIM/Francesco Malavolta 2014

OIM organiza painel sobre identificação de migrantes desaparecidos

No ano passado, mais de 5 mil pessoas morreram enquanto migravam; este ano, número já está 600, o que representa grande aumento em relação ao mesmo período de 2014; cerca de 500 das vítimas deste ano ainda não foram identificadas.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

No ano passado, mais de 5 mil pessoas morreram enquando migravam. Este ano, já são 600, um grande aumento em comparação ao mesmo período de 2014, quando o número era cerca de 100.

Das vítimas deste ano, quase 500 ainda não foram identificadas. Os dados constam de relatórios do Projeto Migrantes Desaparecidos, da Organização Internacional para Migrações, OIM.

Conferência

Segundo a agência parceira da ONU, autoridades muitas vezes dão pouca prioridade à coleta de informações sobre migrantes desaparecidos. As identidades das pessoas mortas ou desaparecidas permanecem, na maioria dos casos, desconhecida.

Para dar atenção a este “problema crescente”, a OIM organizou uma conferência internacional em Genebra nesta terça-feira, reunindo especialistas para trocar informações e desenvolver prioridades de ação.

Lampedusa

A agência citou o naufrágio próximo à ilha de Lampedusa na Itália em outubro de 2013. O incidente foi amplamente divulgado e, mesmo assim, a maior parte das 366 vítimas permanece não identificada, mais de um ano depois da tragédia.

Segundo o diretor da Divisão de Pesquisa de Migração, da OIM,  Frank Laczko, quando mortes ocorrem no mar, muitas vezes os corpos nunca são encontrados.

Documentação

O órgão afirma que identificar os desaparecidos não é tarefa fácil, dado que muitos migrantes viajam sem documentação.

Como resultado, dezenas de milhares de familiares suportam grande sofrimento, sem saber se um parente está vivo ou morto.

Uma pesquisa mostra os impactos “arrasadores” desta situação em famílias, afetando o bem-estar psicológico, a dinâmica e as relações sociais, assim como a situação econômica familiar, além de processos como herança, casamento e tutela de crianças.

Segundo a agência, o direito das famílias de desaparecidos de saberem o que ocorreu e o paradeiro de seus parentes é reconhecido pela lei humanitária internacional e de direitos humanos.

Europa

De acordo com a OIM, não há uma prática comum para coleta de informações sobre mortes de migrantes entre países ou até, às vezes, entre diferentes jurisdições em uma mesma nação.

As habilidades técnicas existem, mas não há ainda uma estrutura internacional que estabeleça que informação deve ser coletada e como deve ser compartilhada.

Na Europa, não há sistema centralizado para identificação de corpos de migrantes, banco de dados compartilhado nem um método sistemático para informar suas famílias nos países de origem.

A OIM disse que é necessário melhorar o treinamento das autoridades nacionais nesta questão, como por exemplo, da Guarda Costeira.

Estados Unidos

A agência afirmou que esta não é uma questão apenas na Europa. Desde 1998, mais de 6,5 mil pessoas morreram tentando atravessar a fronteira entre México e Estados Unidos.

A estimativa é de que um terço delas não tenha sido identificada e as famílias dos migrantes continuam buscando respostas.

O seminário organizado pela OIM comparou abordagens e experiências nos Estados Unidos e na Europa.

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