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Fluxo de migrantes ilegais pelo mar atinge "proporções epidémicas", diz OMI

Encontro de alto nível acontece na sede da OMI, em Londers. Foto: OMI

Fluxo de migrantes ilegais pelo mar atinge "proporções epidémicas", diz OMI

Declaração foi feita num encontro que até quinta-feira aborda as mortes no tipo de viagem; em Londres, Unodc anuncia estratégia para apoiar os esforços internacionais no Mediterrâneo.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O secretário-geral da Organização Marítima Internacional, OMI, disse que os fluxos migratórios mistos pelo mar, incluindo a migração irregular nos últimos anos, atingiram proporções epidémicas.

Para ilustrar a dimensão do fenómeno, Koji Sekimizu afirmou que o sistema para lidar com o grupo ultrapassou, por vezes, o ponto de rutura.

Viagens

Em 2014, mais de 200 mil pessoas foram resgatadas e outras cerca de 3 mil teriam morrido em viagens marítimas inseguras, irregulares e ilegais somente no mar Mediterrâneo.

No mesmo período, mais de 650 navios mercantes foram desviados das suas rotas para salvar pessoas. O efeito foi negativo em áreas como indústria naval, comércio, economia e cadeia de abastecimento global.

Na capital britânica, Londres, nove agências da ONU discutem formas concertadas para combater o número elevado de mortes nas rotas marítimas com destaque para o Mediterrâneo até esta quinta-feira.

Maus tratos

No encontro, o diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, pediu ações para deter o que chamou de "terrível tratamento dos migrantes pela ação criminosa dos contrabandistas".

Yury Fedotov falou de barcos superlotados, naufrágio de embarcações improvisadas, abandono de navios de carga com os migrantes deixados à sua sorte no mar. Por outro lado, citou as mortes por afogamento e por hipotermia como parte do que chamou de "tragédia global".

O responsável disse tratar-se de pessoas desesperadas que fogem de conflitos e desastres humanitários  e acabam por cair nas mãos do crime organizado.

Para combater as redes criminosas e salvaguardar os direitos dos migrantes, Fedotov disse que o Unodc desenvolveu uma nova estratégia para apoiar os esforços globais internacionais no Mediterrâneo.

O plano destaca a investigação e análise, o reforço da capacidade de respostas eficazes na justiça criminal e a promoção da cooperação. Outras metas são a manutenção da coordenação e a proteção dos direitos dos migrantes.

Fedotov considerou necessária a plena implementação de documentos como a Convenção das Nações Unidas sobre o Crime Organizado Transnacional e o Protocolo sobre o contrabando de migrantes.