Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU pede que não seja subestimada ameaça do terrorismo na Líbia

Conselho de Segurança discute situação na Líbia. Foto: ONU/Loey Felipe

ONU pede que não seja subestimada ameaça do terrorismo na Líbia

Documento apresentado pelo chefe da missão no país descreve situação de segurança como "altamente volátil e imprevisível"; conflito entre fações rivais já fez cerca de 360 mil deslocados nos últimos sete meses.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Um relatório do secretário-geral apresentado esta quarta-feira no Conselho de Segurança recomenda que não sejam minimizadas as ameaças à segurança no país.

Falando em videoconferência, de Roma, o representante especial de Ban Ki-moon na Líbia, Bernardino León, defendeu que as partes do diálogo para o fim do conflito declararam não ter meios para fazer frente ao desafio.

Extremismo

León disse que os países devem estar prontos para ajudar a Líbia nos esforços para atacar o terrorismo e o extremismo. Ele recomendou que haja cuidado para não subestimar o "sentido de urgência e de alarme", daí o pedido de apoio internacional para abordar a ameaça do terrorismo.

O documento destaca que a situação geral de segurança continua "altamente volátil e imprevisível" em todo o território. O representante mencionou como exemplo os ataques bombistas de finais de fevereiro que mataram 44 pessoas em Al Qubba, no leste. O ato reivindicado pelos extremistas do Isil teve "o mais alto número de mortos" em atentados do género.

O documento revela haver cerca de 360 mil deslocados internos como resultado do conflito iniciado em julho de 2014.

Escalada Militar

O relatório sublinha ainda ter havido uma grande escalada militar em diferentes partes do país. Entre os principais desafios de segurança estão incidentes "consistentes e graves que envolvem ações do conflito armado e de terrorismo em toda a Líbia".

A decapitação de 21 pessoas, 20 dos quais egípcios, publicada num vídeo do Isil em meados do mês passado vem citada no informe. O documento revela que ainda é desconhecido o paradeiro de outros sete egípcios raptados entre agosto e setembro passados.

Sobre a ação dos grupos extremistas, o documento aponta ainda o ataque ao hotel Corínthia, em Trípoli,  na primeira operação a um local frequentado por diplomatas e companhias, oficiais do governo e funcionários das Nações Unidas.

O informe documenta ainda o agravamento da crise humanitária como consequência do encerramento de grande parte do espaço aéreo para voos comerciais e da redução da capacidade das autoridades de oferta de serviços básicos.

Na Líbia, ocorre ainda a degradação gradual da lei e da ordem e o aumento de atos como atentados, assassinatos e outros crimes que se acredita estarem associados a extremistas islâmicos no leste.

Um outro aspeto do conflito na Líbia é o facto de ter deixado as instituições de segurança com pouca ou nenhuma capacidade de proteger as fronteiras do país, aumentando as oportunidades para a circulação de grupos extremistas, o crime organizado transnacional e tráfico ilícito de migrantes.

Os combates entre fações são tidos como causas de vários incidentes na fronteira ou próximos dos pontos de passagem e de forma particular na área de  Ras Jdair entre Líbia e Tunísia.

Leia Mais:

Unsmil diz que negociações de paz na Líbia recomeçam semana que vem

Missão anuncia consultas antes de uma nova ronda de diálogo político na Líbia