Perspectiva Global Reportagens Humanas

Acnur alerta que 30 mil fugiram da violência na República Centro-Africana

Refugiados centro-africanos na República Democrática do Congo. Foto: Acnur/B. Sokol

Acnur alerta que 30 mil fugiram da violência na República Centro-Africana

Agência da ONU informou que as pessoas estão a sair para outras regiões do país ou para a República Democrática do Congo; novos conflitos estão associados a choques entre pastores de rebanho e agricultores.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, alertou que, desde janeiro, uma nova vaga de violência está a causar a fuga de 30 mil pessoas na República Centro-Africana.

Segundo a agência da ONU, elas estão a buscar abrigo nas cidades de Batangafo e Bambari, no norte e oeste do país e também estão a atravessar a fronteira para a República Democrática do Congo.

Séléka x anti-Balaka

As autoridades congolesas disseram que mais de 19 mil centro-africanos chegaram à cidade de Bosobolo desde dezembro.

O Acnur informou que a mais recente violência na República Centro-Africana está associada ao movimento sazonal de gado e aos confrontos entre pastores e agricultores locais. Os pastores de rebanho aliaram-se ao grupo Séléka e os agricultores à milícia anti-Balaka.

O conflito sectário entre a aliança Séléka, de maioria muçulmana e a milícia anti-Balaka, de maioria cristã, já causou o deslocamento de milhares de pessoas no país nos últimos dois anos.

O Alto Comissariado da ONU disse que o número total de refugiados centro-africanos chega a 451 mil, a maioria está nos Camarões, no Chade e na República Democrática do Congo. O país tem 442 mil deslocados internos, a maior parte fugiu de suas casas por causa do aumento da violência desde dezembro de 2013.

Violência sexual

Uma equipa do Acnur recebeu denúncias de casos de violência sexual cometida por homens armados da República Centro-Africana. Ela cita que no início de fevereiro, três meninas refugiadas na República Democrática do Congo foram raptadas por estes homens e levadas para o país de origem.

Uma das meninas, que conseguiu fugir do grupo, informou que elas foram violentadas. As outras duas continuam desaparecidas.

O Acnur disse que é crucial que os refugiados sejam relocados para regiões distantes da fronteira entre os dois países. O Alto Comissariado pediu às autoridades congolesas que façam todo o esforço necessário para permitir a transferência dos refugiados.

Leia Mais:

Minusca saúda liberação de ministro da República Centro-Africana

Relatora diz que situação está numa encruzilhada na República Centro-Africana

Conselho de Segurança renova sanções contra República Centro-Africana