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Especialistas da ONU chocados com sentenças de morte no Egito BR

Bandeira do Egito.

Especialistas da ONU chocados com sentenças de morte no Egito

Corte do país decidiu manter pena capital para 183 pessoas; para grupo de relatores de direitos humanos, Egito não está respeitando o direito à vida, conforme manda a lei internacional.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Um grupo de especialistas da ONU em direitos humanos está “chocado” com a decisão de uma corte do Egito de manter a pena de morte para 183 pessoas. Nesta segunda-feira, os relatores divulgaram um comunicado pedindo ao país para “respeitar as obrigações previstas na lei humanitária internacional”.

Os condenados à morte atacaram uma estação policial num vilarejo próximo ao Cairo em agosto de 2013, numa ação que matou 13 policiais. Para os especialistas, ao impor a pena capital, o sistema judiciário do Egito “tem mostrado seu desprezo pelo direito à vida”.

Julgamentos Justos

Esta foi a terceira sentença em massa desde janeiro do ano passado, sendo que muitos condenados apoiavam o presidente deposto Mohammed Morsi. Os relatores da ONU afirmam que o Egito “tem falhado em cumprir com suas obrigações de direitos humanos, especialmente as relacionadas a julgamentos justos.

De acordo com a lei internacional, a pena de morte só deve ser imposta se houver um processo judicial rigoroso e justo, incluindo em casos relacionados ao terrorismo.

Alerta

Na nota, os relatores destacam terem alertado as autoridades egípcias de que ao impor a pena de morte, as cortes estariam colocando uma “sombra na independência e na imparcialidade do sistema judiciário do país”.

Os especialistas pedem às autoridades do Egito para reconsiderar a pena de morte e tomar medidas para que violações nos processos judiciais não ocorram novamente.

O comunicado é assinado pelos relatores sobre detenção arbitrária, sobre execuções extrajudiciais, sobre proteção de liberdades fundamentais na luta contra o terrorismo, sobre punições e tratamentos crueis ou desumanos e sobre a independência de juízes e advogados.