Relatores dizem que cheias no Malaui são as "piores de que há memória"
Mais de 170 mil pessoas abandonaram as suas casas e outras 79 perderam a vida; necessidades urgentes foram cobertas em apenas um quarto ; no distrito de Nsanje, o mais afetado, cerca de 153 desapareceram.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Três relatores de direitos humanos da ONU pediram à comunidade internacional que responda rapidamente às inundações devastadoras que afetam o Malaui fornecendo ajuda humanitária crítica e o financiamento adequado.
Em comunicado lançado esta sexta-feira, em Genebra, o grupo diz tratar-se da "pior inundação de que há memória". As cheias já deslocaram mais de 170 mil pessoas e cerca de 116 mil famílias perderam as suas culturas e o gado.
Mortos e desaparecidos
De acordo com as Nações Unidas, somente o distrito de Nsanje registou 79 mortos confirmados e 153 desaparecidos.
O relator brasileiro que responde pela água e saneamento, Léo Heller, também assina o pedido ao lado do especialista sobre os direitos dos deslocados interinos, Chaloka Beyani, e o relator sobre o direito à alimentação, Hilal Elver.
O grupo adverte que deve ser feito todo o possível para cobrir o déficit grave em fundos e na prestação de ajuda essencial. A nota realça que apenas um quarto dos US$ 81 milhões pedidos no Plano de Resposta preliminar foram recebidos até o momento.
Subsistência
A nota destaca que reconstruir casas, assim que as circunstâncias o permitirem, será apenas um desafio entre vários. Para que as vítimas recomecem as suas vidas e recuperem os meios de subsistência o conselho é que as ações sejam "parte de um plano de recuperação mais amplo."
Cerca de 86% dos malauianos vivem em áreas rurais e dedicam-se à agricultura e à criação de gado. Entre as principais necessidades estão infraestruturas de gestão das bacias hidrográficas a longo prazo, para evitar prejuízos como os observados nas atuais inundações.
*Apresentação: Denise Costa.