Unesco organiza debate sobre jornalismo pós-Charlie
Agência da ONU disse que ataques do dia 7 em Paris contra a revista francesa é foco do evento sobre aumento da violência a jornalistas; participantes vão discutir também a necessidade de reforçar o respeito à diversidade e à liberdade de expressão.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, vai marcar esta quarta-feira como um “dia de reflexão” e debate sobre a liberdade de expressão.
O evento “Jornalismo Pós-Charlie”, que está sendo realizado na sede da agência da ONU em Paris, tem como foco também a necessidade de reforçar o respeito à diversidade. Ele acontece depois dos ataques contra a revista francesa Charlie Hebdo e a um supermercado judaico na capital do país, na semana passada.
Ziraldo
Do Rio de Janeiro, o cartunista e escritor Ziraldo falou à Rádio ONU sobre o que ele acha que deve mudar no jornalismo depois dessa tragédia.
“O Ocidente está aceitando viver sob essa ameaça. Quer dizer, você não tem paz, na Europa, principalmente, você não tem mais paz por causa dessa ameaça permanente do terror. O que está acontecendo com o Ocidente, na minha opinião, é que eles têm que arranjar uma solução para viver em paz porque cada vez vai se agravar mais (a situação). É preciso ter muita imaginação e muita criatividade para resolver a questão. Não vai ficar só atento à liberdade de expressão ou o que vai acontecer com o jornalismo daqui para frente. O que a humanidade tem que procurar é uma maneira de não viver mais assim. Agora, qual é a solução? Eu não sei, estou esperando eu fico pensando o dia inteiro nisso.”
Segurança
A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova e o cartunista francês Plantu vão participar de duas mesas de debate. A primeira delas tem como tema a segurança dos jornalistas.
Participam desse grupo, profissionais de vários meios importantes como o jornal “Le Figaro” e a revista americana Newsweek.
O outro debate vai analisar o “Diálogo Intercultural e Sociedades Fragmentadas”. A ideia é encontrar formas de se avançar em relação ao respeito pela diversidade e como criar uma cooperação mútua e tolerância entre os meios de comunicação.
Eles vão discutir ainda como a mídia pode atuar na promoção do diálogo e para incentivar o envolvimento positivo da juventude.
Educação
Bokova afirmou que para a Unesco, isso significa continuar apoiando e avançando em questões sobre a liberdade de expressão e de imprensa, como também, pela segurança dos jornalistas e contra a impunidade.
Segundo ela, o mundo deve aumentar o trabalho no setor de educação e na promoção do diálogo e da compreensão entre culturas e religiões.
A diretora da Unesco deixou claro que “a violência gerada pelo fanatismo reflete uma perversão da mente do extremista e que pode paralisar o pensamento das vítimas, espalhar o medo e bloquear qualquer tipo de raciocínio.
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