Perspectiva Global Reportagens Humanas

PMA: milhões de sul-sudaneses podem começar 2015 sem ter o que comer

Deslocado interno no Sudão do Sul. Foto: Unmiss/Mihad Abdallah

PMA: milhões de sul-sudaneses podem começar 2015 sem ter o que comer

Programa Mundial de Alimentação preocupado com possibilidade de catástrofe de fome no país; Unmiss revela suspeitas de crimes de guerra durante ataque em Bentiu.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque. 

O Programa Mundial de Alimentação, PMA, calcula que 2,5 de sul-sudaneses pessoas podem iniciar 2015 sem ter garantida sua próxima refeição. A agência da ONU diz ser vital manter os esforços de ajuda para evitar uma “catástrofe de fome” no próximo ano.

Em Genebra, a porta-voz explicou que o PMA está a preparar a entrega de comida em locais que ficarão inacessíveis quando a temporada de chuvas recomeçar.

Custos

Elisabeth Byrs destaca que a agência está a aproveitar o período de secas, uma vez que as estradas já estão novamente aptas para o uso. Com isso, devem ser reduzidos os custos de operações aéreas.

Atualmente, o PMA está a utilizar uma pequena aeronave para levar comida pelo Sudão do Sul, o que custa até sete vezes mais do que fazer as entregas por rodovias.

Para os próximos seis meses, são necessários US$ 341 milhões para o PMA continuar suas operações no país. Os conflitos na mais nova nação do mundo já duram um ano e com isso, o acesso para ajuda humanitária está comprometido.

Investigação

Os índices de desnutrição aguda estão acima de 15% na maior parte do país. Este ano, o PMA conseguiu levar comida para 2,5 milhões de civis. Foram mais de 185 mil toneladas de alimentos entregues.

Também esta sexta-feira, a Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, divulgou um relatório sobre um ataque ocorrido em Bentiu no dia 29 de outubro, por forças da oposição.

Abusos

A investigação da Unmiss e do Escritório de Direitos Humanos da ONU revela que vários homens foram retirados de uma igreja, onde buscavam refúgio, e obrigados a seguir para um cemitério, onde oito deles foram cruelmente assassinados. Há ainda relatos de duas mulheres e um bebé de seis meses mortos em casa.

Os sobreviventes também foram alvo de abusos sexuais e de violência física. A investigação conclui que integrantes do Exército de Libertação do Povo do Sudão, Spla, que agora fazem oposição ao governo, cometeram abusos de direitos humanos e sérias violações que podem ser consideradas crimes de guerra.