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Ivete Sangalo participa de evento da ONU sobre tráfico de pessoas BR

O representante do UNODC, Rafael Franzini (esq.), Ivete Sangalo e o coordenador residente da ONU, Jorge Chediek. Foto: Unodc

Ivete Sangalo participa de evento da ONU sobre tráfico de pessoas

Cantora brasileira é embaixadora da Boa Vontade do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime; evento foi em Brasília; segundo relatório da agência, uma em cada três vítimas é criança, um aumento de 5% em comparação com o período 2007-2010; meninas são maioria.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.*

Uma em cada três vítimas de tráfico de pessoas é criança, um aumento de 5% no período de 2010-2012 em relação a 2007-2010. As meninas são maioria.

Os dados estão no Relatório Global 2014 sobre Tráfico de Pessoas, publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc. O documento foi apresentado na quinta-feira em Brasília. O evento contou com a presença da embaixadora da Boa Vontade da agência, a cantora Ivete Sangalo.

Meninas e Mulheres

“É um crime e a gente não pode fechar os olhos para isso, não pode permitir. Eu tenho um repúdio por essa ação criminosa. Estamos falando de seres humanos, de indivíduos. Eu acho que cada ação, participação da sociedade, do governo, a participação dos países, trabalhando em comum acordo, numa só força, eu acho que a gente vai conseguir desmembrar muita coisa ruim que está acontecendo”.

Segundo o documento, meninas e mulheres representam 70% das pessoas traficadas no mundo entre 2010 e 2012.

Os últimos anos foram marcados pelo aumento constante do trabalho forçado, principalmente entre as mulheres, que representam 35% das vítimas. O relatório aponta como destino as áreas da indústria, da construção, do trabalho doméstico e da produção têxtil.

Coração azul

Ivete Sangalo também falou sobre a campanha Coração Azul, organizada pelo Unodc.

“É uma campanha de amor ao ser humano, mas o azul ele traz a angústia, a falta de coragem da vítima de denunciar, da sociedade de participar disso. Mas eu acho que quando você dá suporte, você consegue ser parceiro da pessoa que denuncia, da vítima, a gente vai longe. Através da minha voz, literalmente, eu trago na minha voz, a voz dessas pessoas, a voz da angústia, da tristeza, da impossibilidade de mudar, por medo, por ameaças. Eu me sinto honradíssima, orgulhosa demais, de utilizar a minha imagem e acima de tudo a minha palavra para levar infomação para a sociedade”.

Brasil

Segundo o documento, cerca de 72% dos criminosos condenados são do sexo masculino e cidadãos do país em que operam. O relatório destaca que a impunidade continua sendo um problema grave, com 40% dos países registrando poucas ou nenhuma condenações.

O representante do Escritório de Ligação e Parceira do Unodc no Brasil, Rafael Franzini, explicou que ainda é um desafio determinar os números do tráfico de pessoas no país. Uma das razões seria o baixo número de denúncias dos casos. Ainda assim, Franzini destacou que há um projeto de lei tramitando no Crongresso para reformar o Código Penal no que tange ao tráfico de pessoas. Segundo ele, “o Brasil tem feito grandes avanços para adequar sua legislação ao Protocolo de Palermo. Com isso, certamente o enfrentamento ao tráfico de pessoas será ainda mais eficaz. E os países do continente americano também estão em um momento de muita cooperação para enfrentar este crime”.

*Com reportagem do Unic Rio.