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Acnur: mais de 100 mil líbios fugiram de combates no último mês

Grupo de homens deslocados na Líbia. Foto: Acnur/L. Dobbs

Acnur: mais de 100 mil líbios fugiram de combates no último mês

Conflito intensificou-se em cidades nas regiões leste, oeste e sudeste do país; segundo agência da ONU, a insegurança está a prejudicar operações humanitárias.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, intensos combates entre grupos rivais no leste, oeste e sudeste da Líbia forçaram mais de 100 mil pessoas a fugirem de suas casas no último mês.

O relato foi feito nesta sexta-feira. O conflito intensificou-se nas cidades de Benghazi e Derna, no leste, Ubari, no sudeste, e Kikla, no oeste. Segundo a agência da ONU, a insegurança prejudica operações humanitárias.

Inverno 

Agências de assistência ainda estão a tentar calcular a escala do deslocamento interno. Segundo o porta-voz do Acnur em Genebra, Adrian Edwards, a agência confirmou relatos de ONGs parceiras de que “56,6 mil pessoas fugiram de Benghazi nas últimas semanas”. Este número inclui cerca de 2,5 mil que já eram deslocados internos.

O porta-voz declarou que a agência calcula que “mais de 393 mil pessoas se tornaram deslocadas internas na Líbia desde a escalada da violência em maio”. Edwards afirmou que eles estão “espalhados por 35 cidades e estão em extrema necessidade de abrigo, assistência de saúde, comida, água e outros itens básicos”.

De acordo com a agência, ventos e chuvas durante o inverno serão mais duros para mulheres, crianças e idosos que não têm roupas quentes, aquecedores e abrigos.

Barcos

O Acnur afirmou que comboios de ajuda transfronteiriços são a única maneira de entrar com suprimentos no país e que a agência enfrenta restrições com financiamento e acesso.

O órgão declarou ainda que “durante épocas de conflitos, refugiados, requerentes de asilo e migrantes muitas vezes são vistos com suspeita e sofrem animosidade”.

A agência diz que, sem alternativas, muitos partiram em barcos de contrabandistas para a Europa. Neste ano, até o momento, mais de 156 mil chegaram à Itália. Mais de 85% deles partiram da Líbia.

Nesta quinta-feira, o Acnur lançou um documento que pede a todos os países que permitam acesso aos seus territórios a civis fugindo da Líbia. A agência apelou também que os retornos forçados ao país africano sejam suspensos até que “a situação de segurança e direitos humanos tenha melhorado consideravelmente”.

*Apresentação: Denise Costa.