Após mãe morrer pelo ébola, adolescente cria irmãos em Serra Leoa
Unicef traz a história de Mary, menina de 15 anos que ainda não conseguiu contar a Amadou, de 4 anos, que a mãe não sobreviveu; pelo menos 600 crianças perderam os pais desde o início do surto no país.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Na cidade de Kenema, em Serra Leoa, a adolescente Mary, de 15 anos, é acordada pelo irmão numa madrugada. Amadou, de quatro anos, quer saber mais uma vez onde está a mãe.
Mary contou sua história ao Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e lamentou não ter conseguido dizer ao irmão que a mãe não resistiu ao ébola e veio a morrer. O menino Amadou também teve o vírus e teve alta da unidade de tratamento de ébola há dois meses.
Cuidados
Com a morte da mãe, que já era separada de seu pai, Mary ficou responsável por criar e cuidar de Amadou e a irmã mais nova, Awa. Ao Unicef, a menina contou que agora precisa cozinhar, limpar a casa e depende da ajuda de vizinhos para ter comida.
Outra dificuldade da jovem é para continuar seus estudos, uma vez que as aulas estão suspensas. O Unicef acredita que em Serra Leoa, 600 crianças ficaram órfãs desde o início do surto.
Estigma
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, 1,2 mil pessoas morreram pelo ébola em Serra Leoa, entre mais de 3,4 mil infectados.
Além disso, as crianças de África Ocidental estão a sofrer estigma e rejeição de suas comunidades e familiares, especialmente quando são sobreviventes.
O Unicef está a pedir US$ 61 milhões para assistir os menores afectados pelos impactos do ébola, mas recebeu menos de 40% até o momento. No total, o vírus já matou 4555 pessoas entre 9216 pacientes.