Metas do Milênio reduzem por mais da metade população de favelas
Secretário-geral da ONU fez declaração para marcar Dia Mundial da Habitação este 6 de outubro; tema deste ano é “Vozes das Favelas”.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que na última década os esforços feitos pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio conseguiram cortar por mais da metade a população das favelas.
Ao mesmo tempo, Ban disse que a rápida urbanização, especialmente no mundo em desenvolvimento, registrou um aumento desse grupo nesses países.
África Subsaariana
Ele explicou que em algumas partes da África Subsaariana, aproximadamente 70% das pessoas que vivem em áreas urbanas moram em favelas ou assentamentos ilegais.
Do Rio de Janeiro, em entrevista à Rádio ONU, o presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio, Rossino Castro Diniz, falou sobre os desafios enfrentados por essas comunidades.
“Está no artigo 5º da Constituinte que é dever de Estado dar moradia, educação, saúde, e o pessoal de favela não tem nada disso. Principalmente a moradia, que é um título (de terra). O déficit habitacional é enorme, nem o governo federal nem o governo estadual têm condições de suprir isso. Tem gente morando na favela e pagando aluguel, são coisas absurdas.”
Na sua mensagem, o secretário-geral da ONU afirmou que as favelas estão, geralmente, localizadas em regiões indesejáveis, como áreas que sofrem alagamentos e morros. Ban citou ainda locais vulneráveis a ações climáticas.
Serviços Básicos
A população das favelas sofre com a falta de serviços básicos, como água, saneamento, eletricidade e iluminação pública. Segundo ele, a criminalidade é endêmica, com maior risco para mulheres e meninas.
O desemprego, o subemprego e o alto custo dos transportes pioram ainda mais a situação.
Ban explicou que para alcançar um desenvolvimento sustentável e uma vida digna para todos, a comunidade internacional deve lidar com essas questões.
Por isso, ele afirmou que o Dia Mundial da Habitação este ano está dando voz aos moradores de favelas.
Anonimato
O chefe da ONU disse que, geralmente, essa população vive quase no anonimato, sem endereço, sem participação no censo e sem qualquer ideia de quando suas condições de vida poderão melhorar.
Ban quer saber dos moradores de favelas “o que funciona, o que não funciona e o que deve ser feito?”
O secretário-geral encorajou governos, empresários, instituições acadêmicas e ONGs “a dar voz aos moradores de favelas e escutar o que eles têm a dizer”.
Ele declarou que a comunidade internacional tem a tecnologia e o “know-how” para construir cidades economicamente, socialmente e ambientalmente sustentáveis.