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Guterres prevê que 2014 supere recorde de refugiados, batido ano passado

Comité Executiva do Acnur reunida em Genebra. Foto: Acnur/J-M Ferré

Guterres prevê que 2014 supere recorde de refugiados, batido ano passado

Em 2013, houve 51,2 milhões, o maior número desde a Segunda Guerra Mundial; países em desenvolvimento aumentaram 70% de refugiados em relação há uma década; metade são menores de 18 anos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, alertou esta terça-feira para o aumento de conflitos prolongados e a consequente “subida exponencial das necessidades humanitárias.”

António Guterres prevê que este ano haja “muito mais” do que os 51 milhões de deslocados registados em 2013. As razões são conflitos e perseguições. Estima-se que os deslocamentos forçados cheguem aos 32 mil no fim de 2014.

Síria

Falando na sessão do Comité do Programa do Acnur, em Genebra, Guterres alertou para os mais de 3,2 milhões de deslocados do conflito sírio. Trata-se da maior população refugiada depois dos palestinianos.

Mas o responsável citou as novas crises na República Centro-Africana e no Sudão do Sul. Quanto à Ucrânia e mais recentemente no Iraque, realçou o “terrível sofrimento humano e deslocamentos em massa”.

Atenção a África

Antes, Guterres disse que o deslocamento em África não está a receber a atenção devida nos media globais e no debate político. Para ele, é uma obrigação colocar o tema de volta à agenda internacional com a prioridade que precisa e merece.

O Acnur estima que, e todo o mundo, a guerra e perseguição forçaram a mais de 15 milhões de pessoas a fugir das suas casas tanto a atravessar fronteiras ou a ficar dentro do seu próprio país.

De acordo com as estimativas, cerca de nove em cada 10 refugiados vivem em países em desenvolvimento. A estimativa equivale a um aumento de 70% em relação há uma década.

Menores

Por outro lado, metades dos refugiados de todo o mundo são menores de 18 anos. Guterres que que mais seja feito para protegê-los de atos como exploração, abuso sexual, recrutamento, trabalho infantil, casamento precoce e garantir o respeito dos seus direitos.

As ações mais importantes para o grupo são o registo de nascimento, o acesso à educação de qualidade, o atendimento psicossocial e apoio às crianças com necessidades específicas do ponto de destino.

Após observar o esforço da comunidade internacional para responder às necessidades dos refugiados, o chefe do Acnur disse que cada nova crise faz aproximar a agência dos limites de auxílio. Ele reconheceu que  “não se está a fazer o suficiente”.

*Apresentação: Denise Costa.