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Autores de afundamento no Mediterrâneo têm de ser levados à justiça

Zeid Ra'ad Al Hussein. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré

Autores de afundamento no Mediterrâneo têm de ser levados à justiça

Alto comissário dos Direitos Humanos afirma que alegado naufrágio criminoso no Mediterrâneo pode ser considerado assassinato em massa;  relatos de testemunhas indicam que pelo menos 100 menores estavam entre as centenas de passageiros do barco.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos pediu informações para levar à justiça os contrabandistas do navio que teria sido deliberadamente afundado, na semana passada, no mar Mediterrâneo.

O pedido de Zeid Ra’ad Al Hussein consta de um nota publicada esta sexta-feira visando o Egito, os países do norte de África e da Europa. O naufrágio da embarcação provocou a morte de entre 300 a 500 refugiados e migrantes.

Afogamento

De Genebra, o alto comissário afirmou que o alegado afogamento é um ato criminoso que não deve ficar impune.

De acordo com o porta-voz de Zeid, Rupert Colville, o responsável declarou que se pode estar perante o que pode ser considerado assassinato em massa no Mediterrâneo, caso os relatos aparentemente credíveis dos sobreviventes sejam de fato verdade.

A Organização Internacional para Migrações, OIM,  entrevistou  sobreviventes do sinistro na Itália, na Grécia e em Malta.

Egito

Em nota, a agência disse que os seus pesquisadores indicam que os contrabandistas teriam cobrado até US$ 4 mil de cada passageiro para embarcar no barco superlotado que deixou o Egito.

De seguida, estes teriam sido forçados a mudar de barcos por várias vezes no meio do mar. Os sobreviventes falaram ainda da presença de até 100 crianças menores de 10 anos nas plataformas do barco.

Sobreviventes 

O chefe de Direitos Humanos acrescentou que a impunidade nos crimes cometidos por traficantes de pessoas devem chegar ao fim. Ao mesmo tempo, exortou aos Estados a fazerem mais para combater as causas profundas que levam às pessoas a se arriscarem na viagem.

Conforme o alto comissariado, os direitos das vítimas não devem ser ignorados, simplesmente porque eram estrangeiros e o crime ter ocorrido em alto-mar.

Aos países do Mediterrâneo, Zeid  pediu um esforço para reprimir os contrabandistas que “exploram um dos grupos mais vulneráveis” colocando em risco as suas vidas, diariamente, para ganhar dinheiro.