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Angola regista mais mortes de menores de cinco anos, diz relatório

Relatório "Níveis e Tendências da Mortalidade Infantil 2014". Foto: Unicef

Angola regista mais mortes de menores de cinco anos, diz relatório

Unicef revela que 167 crianças morrem em cada mil nascimentos vivos no país; em 23 anos foi alcançada uma redução de 28% no país; mundo perdeu 6,3 milhões no ano passado por doenças que poderiam ter sido evitadas.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Angola é o país com mais mortes de crianças menores de cinco anos, anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

O relatório “Níveis e Tendências da Mortalidade Infantil 2014”, lançado esta terça-feira, indica que no país ocorrem 167 óbitos em cada mil nascimentos vivos.

Redução

Uma criança angolana tem 84 vezes mais probabilidades de morrer antes de completar o quinto aniversário do que em Luxemburgo. Mesmo assim, em 23 anos, o país obteve uma redução de 28%.

A nível global, as taxas de mortalidade infantil caíram 49% entre 1990-2013. De acordo com o documento, 6,3 milhões de menores de 5 anos morreram no ano passado de doenças que poderiam ter sido evitadas.

O resultado é um pouco menor do que foi registado no ano anterior mas representa aproximadamente 17 mil mortes de crianças por dia.

Lusófonos

Entre os demais países de língua portuguesa, a Guiné-Bissau aparece em 6º lugar com o maior número de mortes.

Já Moçambique ocupa a 21ª posição com Timor-Leste em 44º, São Tomé e Príncipe no 50º lugar e Cabo Verde na posição 80.

O Brasil ocupa a 118ª. posição na lista da ONU, com 14 mortes de crianças menores de cinco anos para cada mil nascimentos vivos. O país foi um dos que registou os maiores progressos com uma queda de 78% durante o mesmo período.

Progressos em Portugal

A mortalidade infantil é mais baixa em Portugal, onde apenas quatro crianças, com menos de cinco anos, morrem em cada mil nascimentos vivos.

O chefe do Programa de Saúde Global do Unicef, Mickey Chopra, afirmou que “houve um dramático e rápido progresso na redução da mortalidade infantil”. Segundo ele, “os dados comprovam que o sucesso é possível até mesmo em países com poucos recursos”.

Alto Nível

O relatório cita ainda que 44% do total de crianças menores de cinco anos mortas no ano passado, 2,8 milhões, não atingiram nem o primeiro mês de vida. O Unicef informa que dois

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Foto: Unicef
terços dessas mortes ocorreram em apenas 10 países.

O documento diz ainda que oito das 60 nações consideradas como “alto nível de mortalidade” conseguiram atingir as metas de redução estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, entre eles está Timor-Leste.

Complicações

A região Subsaariana da África baixou as mortes em 48% em mais de duas décadas, mas ainda regista as maiores taxas mundiais, com 92 mortes por mil nascimentos vivos.

O Unicef explica que dois países sozinhos, Índia e Nigéria, respondem a mais de um terço das mortes de crianças nesta faixa etária.

Avanços

O relatório indica ainda que as maiores causas de morte são complicações antes e durante o parto, pneumonia, diarreia e malária. Segundo os especialistas, a desnutrição é responsável por quase metade das mortes de crianças com menos de cinco anos.

Em relação aos avanços conquistados desde 1990, a agência da ONU cita o combate a doenças infecciosas, como campanhas de vacinação e uso de redes mosquiteira, além de tratamentos de reidratação contra diarreia.

*Apresentação: Denise Costa.