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Perita encoraja uso de esgoto como alternativa para problemas de água

Foto: Banco Mundial/Eric Miller

Perita encoraja uso de esgoto como alternativa para problemas de água

Catarina de Albuquerque defende pensamento mais inovador e sem preconceitos; obra em cinco línguas, incluindo o português, deve marcar o fim do período como especialista das Nações Unidas.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A relatora especial da ONU sobre o Direito à Água e Saneamento encorajou todos os países a usar água reciclada de esgoto para beber.

Catarina de Albuquerque falou à Rádio ONU, de Genebra, há cerca de mês e meio do fim do seu mandato de seis anos no cargo. Esta semana, a especialista apresentou um relatório ao Conselho de Direitos Humanos.

Qualidade 

“Se olharmos para muitos países do mundo onde já há escassez de água, a Austrália, a Suíça - onde não há escassez mas eles já fazem isso. Por exemplo, Singapura e parte dos Estados Unidos, o esgoto é reciclado de uma forma tal, que depois é misturado com água para beber e torna-se água de excelente qualidade. Portanto, não podemos usar o esgoto como lixo, temos que olhar como fonte de água.”

Albuquerque reconhece a limitação de recursos para o efeito por parte de alguns países. Ainda assim, avançou sugestões para reutilizar o líquido.

Preconceitos

“Se o tratamento do esgoto não for tão apurado, como é nos países que estou a referir, pelo menos é água que pode servir para as descargas de retretes, para regar jardins, lavar carros etc. Temos que pensar de uma maneira mais inovadora e sem preconceitos.”

A perita pede uma visão estratégica para determinar a quantidade de água que cada pessoa precisa por dia em cada país. O apelo é que não sejam priorizados os grandes consumidores como considerou as áreas da agricultura, da indústria e do turismo.

Livro

O lançamento de um livro deve marcar o fim do período de trabalho de Catarina de Albuquerque como relatora da ONU. A obra a ser lançada em inglês em finais de outubro, em Nova Iorque, está a ser traduzida para português, espanhol, árabe e francês.

A publicação poderá ser consultada na página do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.