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Unctad prevê expansão da produção mundial em 2,7%

Foto: Unido

Unctad prevê expansão da produção mundial em 2,7%

Relatório aponta aumento de 0,4% em relação ao ano passado; estudo recomenda mudança em políticas económicas para estimular crescimento; Angola e Moçambique entre os motores na África Subsaariana.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O crescimento da produção mundial será de 2,7% este ano, anunciou a Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Unctad. Trata-se de um aumento de 0,4% em relação ao valor do ano passado.

A informação foi publicada esta quarta-feira, no relatório da agência sobre Comércio e Desenvolvimento de 2014, divulgado em Genebra.

Mudanças

A agência recomenda uma mudança em políticas económicas dos países ricos e pobres para estimular o crescimento e evitar um ressurgimento dos problemas que causaram a recente crise financeira.

Aos governos dos países industrializados, a Unctad pede um aumento dos gastos em sistemas de apoio social, formação profissional e criação de emprego, além de projetos de infraestrutura, como estradas e escolas.

China Lidera

A previsão é que a Ásia continue a ser a região mais dinâmica com uma expansão em torno de 5,5%. A China deve continuar na liderança, com uma taxa de crescimento estimada de cerca de 7,5%.

A expansão da produção em África será de 3,9% depois dos 3,5% de 2013. Angola e Moçambique estão entre as várias economias africanas que, por terem alcançado altas taxas de crescimento, devem ditar 6% do crescimento da África Subsaariana.

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No geral, a Unctad refere que o crescimento do continente é marcado por contrastes. O norte de África a continuar fraco devido à incerteza política e às perturbações na produção de petróleo. A expansão manteve-se nos 2% na África do Sul, o país mais desenvolvido do continente, devido ao enfraquecimento da procura interna e às greves no setor mineiro.

A América Latina e Caraíbas devem crescer 1,9% depois dos 2,6% registados ano passado. Economias como Brasil, Argentina e México influenciaram a desaceleração de cerca de 2% na América Latina. É que a demanda interna, tida como principal motor de crescimento dos países durante a crise global, perdeu força. O Brasil terá um crescimento da produção de 1,3% em 2014, após os 2,5% do ano passado. Em média, o crescimento anual do Produto Interno Bruto, PIB, na região deve ser de 2,9% entre 2015 e 2019 e 3% entre 2020 e 2024.

Crise

O relatório considera que o comércio internacional ainda é medíocre, seis anos depois do início da crise financeira global. O volume do comércio de mercadorias aumentou cerca de 2% em 2012, em 2013 e nos primeiros meses de 2014, estando abaixo do crescimento da produção global.

Quanto aos mais desenvolvidos, a Unctad prevê uma expansão em torno de 1,5% a 2% em 2014, apesar de algumas diferenças nas suas posições políticas. Os Estados Unidos devem expandir 1,4%, enquanto a União Europeia deve crescer 1,6%.

Retorno Europeu

A agência admite um possível retorno do PIB do bloco europeu ao nível pré-crise de 2007. Quanto ao comércio internacional, a Unctad alerta que continua fraco, mas aponta uma pequena recuperação desde o último trimestre de 2013.

O Brasil é citado pela utilização de regulamentos financeiros para influenciar maior fluxo de capital.

Bancos

É também mencionada a forte rede de bancos de desenvolvimento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, com empréstimos e investimentos do património das empresas bem como a realização de repasse a outros bancos de desenvolvimento.

O documento cita Angola pela participação do governo na capacidade de geração de receitas públicas provenientes das indústrias extrativas. Tais ações de governos nas rendas são consideradas relativamente altas.

Na industria extrativa, Timor-Leste é destacado pela decisão de publicar todos os seus contratos com empresas. Brasil e Moçambique estão entre as nações onde ocorrem discussões entre diferentes atores para a reforma dos regimes fiscais e de propriedade no setor.

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Portugal

Já Portugal, ao lado de países como Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Eslováquia e Espanha, é citado pelas despesas reais do governo em bens e serviços terem estado abaixo do nível de 2010 no último trimestre de 2013. As quedas rondaram 1 % e 2,5% do PIB ao longo do período.

A Unctad realça que a diferença de vários países desenvolvidos e em desenvolvimento em termos de peso das receitas públicas no PIB tem diminuído ao longo das últimas duas décadas.

O resultado deve-se à crescente mobilização de recursos internos na maioria das economias em desenvolvimento e em transição.