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Chefe das operações de paz da ONU discute ébola na Libéria

Camião do Acnur na Libéria. Foto: Unmil

Chefe das operações de paz da ONU discute ébola na Libéria

Pela primeira vez, uma missão das Nações Unidas opera perante um surto; organização abriga soldados de paz e funcionários civis.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.* 

O subsecretário-geral de Operações de Paz da ONU segue para a Libéria para debater o combate ao ébola na quinta e sexta-feira.

Hervé Ladsous deve manter encontros com autoridades locais e integrantes da Missão da ONU no país, Unmil. A Libéria já registou mais de 2,1 mil doentes e 1,2 mil óbitos devido à doença.

Conselho de Segurança 

Em Nova Iorque, a chefe da Unmil falou a jornalistas sobre as medidas de informação para os integrantes das forças de paz, após um encontro do Conselho de Segurança que abordou o tema, na terça-feira.

Karin Landgren disse que é a primeira vez que uma operação da ONU ocorre perante um surto como o ébola. Desde março, a Unmil divulgou uma série de diretrizes para as tropas de paz que “têm que medir a temperatura para evitar qualquer risco.”

Para Landgren, a presença das forças da ONU no país é ainda mais importante num momento de crise como o atual. A organização abriga soldados de paz e funcionários civis.

Gravidade 

A chefe civil da Unmil contou que o Conselho de Segurança está preocupado com o surto, que considera “mesmo grave”. A responsável lembrou que a Libéria precisa do apoio internacional conclamado para conter o problema.

No Conselho, Landren disse que a crise tornou-se complexa com implicações políticas, sociais, económicas e de segurança que deverão permanecer mesmo depois da atual emergência de saúde. A chefe da Unmil afirmou que o ébola é a maior ameaça que a Libéria enfrenta desde a guerra civil.

Contaminação 

Landgren contou ainda que uma das maiores causas de contaminação está justamente no cuidado que se dá aos doentes. Ela explicou que muitos familiares, no início, hesitavam em levar os parentes para um centro de tratamento e preferiam cuidá-los em casa.

Mas devido aos altos índices de contaminação, agora começam a entender que devem levar o doente para o hospital. A outra grande fonte de contaminação apontada são os enterros de pacientes de ébola. Muitos participantes voltam contaminados e reforçam o ciclo de novas infeções.

Resposta 

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon anunciou que está a planear convocar um encontro de alto nível sobre uma resposta internacional ao surto de ébola.

De acordo com uma nota do seu porta-voz, Stephane Dujarric, Ban Ki-moon telefonou na segunda-feira para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para debater vários temas como a situação no Iraque e na Síria.

Na mesma chamada, contou ao presidente norte-americano que pretende convocar a reunião sobre o ébola durante os debates de líderes internacionais, a iniciar a 24 de setembro.

Parceria Internacional 

A proposta de Ban é formar uma ampla parceria internacional para obter o apoio de governos, do setor privado, de ONGs e instituições académicas.

Na semana passada, o chefe da ONU pediu que companhias aéreas e de transporte marítimo não suspendam as viagens para a África Ocidental. Segundo ele, a medida só irá prejudicar o socorro aos doentes.

Ainda na segunda-feira, a organização nomeou o cientista político norte-americano Anthony Banbury para o posto de vice-coordenador e gestor de operações de crise para o ébola. Ele deverá chefiar o escritório em Nova Iorque.

O coordenador principal é o médico David Nabarro, que está a atuar com a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, em Genebra, para ajudar a combater o surto.

Apresentação: Eleutério Guevane.